Centenas de soldados russos foram enviados nesta terça-feira (13/11) para limpar as margens do mar Negro, afetadas pelo naufrágio de um petroleiro que provocou um vazamento de 2.000 toneladas de combustível depois de se partir ao meio no domingo (11/11), em meio a uma tempestade.
O acidente matou mais de 30 mil pássaros e um número inestimável de peixes, segundo Alexander Tkachev, governador da região de Krasnodar, citado pela agência Interfax. As aves afundaram devido a quantidade de óleo que se derramou sobre a costa ou foram arrastadas para a areia. As autoridades temem ainda uma "catástrofe ecológica" em um momento em que o litoral sul da Rússia continua castigado por fortes ventos de mais de 140 km/h. A região de Porto Kavkaz, zona comercial situada 1.200 km ao sul de Moscou, continua sendo a mais afetada pelo mau tempo.
Cerca de 200 membros das equipes de emergência tentam retirar as placas de combustível em meio às areias da praia de Tuzla. As equipes de socorro encontraram na véspera os corpos de três marinheiros do naufrágio de cinco cargueiros, um dos quais transportava enxofre e outras substâncias, o que pode ser um dos maiores desastres ambientais dos últimos tempos. Os três corpos usavam coletes salva-vidas e foram encontrados no Estreito de Kerch.
Resíduo O mau tempo dificulta as operações de recuperação de 3.000 toneladas de mazut (resíduo de destilação do petróleo) contidas num navio-tanque, o Volgoneft 13, de propriedade da companhia russa Volganeft, que já deixou escapar para o mar cerca de 1.300 toneladas de combustível. Oleg Mitvol, o número dois da agência de vigilância ecológica do governo russo, chegou na segunda-feira (12/11) à região, onde a Rússia e sua vizinha Ucrânia criaram uma célula de crise comum.
Acidente A violenta tempestade que atingiu no domingo o mar Negro afundou cinco navios russos, sendo quatro cargueiros e um navio-tanque que se partiu em dois. O último navio a naufragar foi o cargueiro Kovel, de bandeira russa, que transportava enxofre. O navio afundou no estreito de Kertch, que separa a Criméia da costa russa. O cargueiro começou a fazer água depois de bater contra um outro cargueiro russo, o Volnogorsk, que transportava 2.400 toneladas de enxofre e também afundava, segundo o ministério.
A tripulação do Kovel foi resgatada num barco de salvamento. No total, 35 pessoas que estavam a bordo dos quatro cargueiros russos foram salvas. Já os oito membros da tripulação do navio-tanque Nakhitchevan estão desaparecidos, indicou o ministério russo. Na Rússia, uma investigação foi iniciada para averiguar a "poluição do mar" após os naufrágios, indicaram as autoridades.
SuspeitaA investigação vai verificar como os capitães dos navios e os responsáveis dos portos agiram diante da tempestade, indicou Elena Velikova, uma autoridade de Krasnodar, no sul da Rússia, citada pela agência Itar-Tass. Várias organizações não-governamentais de defesa do meio ambiente denunciaram "uma catástrofe ecológica", considerando que o combustível e o enxofre podem poluir gravemente a água e os litorais. Vladimir Sliviak, diretor da organização Ekozashchita, acredita que limpar a poluição das águas levará um longo período de tempo e suas conseqüências serão sentidas durante um ano ou mais.
A quantidade de combustível vertido no Mar Negro parece pouca em comparação à mancha negra ocorrida em 2002 frente ao litoral espanhol. O Prestige, um velho petroleiro liberiano com bandeira das Bahamas, naufragou em 19 de novembro de 2002 nas costas da Galícia e mais de 50.000 toneladas de sua carga vazaram para o oceano, poluindo milhares de quilômetros das costas na Espanha e França.
(Folha Online,
Ambiente Brasil, 14/11/2007)