O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) da ONU exigiu na segunda-feira (12/11) que as autoridades mundiais realizem o mais rápido possível ações multilaterais para enfrentar o problema das mudanças climáticas, já que a situação tem base científica e seus efeitos em todo o planeta foram comprovados.
A 27ª sessão do IPCC foi aberta na segunda-feira no Museu das Ciências de Valência, na Espanha, pelo presidente do organismo, Rajendra Pachauri, que encorajou os 450 especialistas participantes do encontro a elaborarem o melhor relatório possível, diante da cúpula mundial do organismo a ser realizada em Bali (Indonésia), no mês de dezembro. Durante essa reunião, a ONU negociará a nova estratégia multilateral a ser seguida nos próximos anos em relação à mudança climática. O acordo irá substituir o Protocolo de Kyoto, vigente até 2012.
O secretário-executivo da Convenção da ONU para a Mudança Climática, Yvo de Boer, destacou em seu discurso a necessidade de empreender ações "multilaterais" para enfrentar os efeitos do problema climático o mais rápido possível, já que não fazê-lo seria "uma irresponsabilidade criminosa". De Boer ressaltou a evidência científica deste fenômeno, cujos efeitos serão sentidos em todos os países em maior ou menor medida, e em alguns casos representarão "uma ameaça para a sobrevivência".
Pachauri disse que esta reunião, que acaba no próximo sábado (17), será um ponto de partida sobre o que o IPCC deve fazer no futuro, e expressou seu desejo de que a reunião termine com "enorme sucesso" e de que seus debates sejam produtivos. Os participantes do evento se reuniram em sessões técnicas, todas elas a portas fechadas, e que terão seus resultados apresentados no sábado, em uma entrevista coletiva que terá a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Protesto Antes da abertura do encontro do IPCC, nove membros do Greenpeace escalaram uma construção e instalaram três cartazes de protesto, cada um com cerca de 400 metros quadrados, em frente ao Museu das Ciências, que foram retirados logo em seguida pelas autoridades.
O lema escrito nos cartazes era: "Perigo: Salvemos o Clima já", e mostravam também uma imagem do planeta pegando fogo emoldurado por um sinal de perigo. A responsável do Greenpeace pela campanha sobre a mudança climática, Raquel Montón, explicou que o objetivo do protesto é "apoiar os especialistas da ONU".
"Queremos transmitir ao mundo inteiro, por meio de uma foto, que os presentes em Valência nesta semana são os que mais sabem sobre a mudança climática. Quantos mais governos os escutarem, melhor", disse. Montón ressaltou a importância de os países mais industrializados do mundo reduzirem em mais de 85% suas emissões de CO2 (dióxido de carbono), para evitar que a temperatura média global suba mais de 2ºC, a "linha vermelha" que, segundo ela, implicaria em "danos irrecuperáveis" para a humanidade.
(Folha Online,
Ambiente Brasil, 14/11/2007)