Para conhecer projetos brasileiros de uso sustentável da floresta amazônica, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que está desde segunda-feira (12/11) na Amazônia, visitou hoje a Área de Preservação Ambiental (Arpa) mantida pelo estado do Pará na Ilha do Combu, a 1,5 quilômetro de Belém, onde encerrou a viagem de três dias ao Brasil.
As impressões de Ban Ki-moon farão parte de relatório sobre impactos ambientais que será apresentado na Conferência Mundial de Meio Ambiente, programada para o início de dezembro em Bali, na Indonésia.
Na Ilha do Combu moram 227 famílias que vivem do manejo e extrativismo do açaí, fruto típico da Amazônia. Acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da governadora do Pará, Ana Julia Carepa, o secretário conheceu parte da fauna e flora amazônicas, degustou especialidades da região, posou para fotografias e ganhou colares do artesanato indígena.
Depois, Ban Ki-moon, conversou com representantes do Conselho Nacional de Seringueiros e de lideranças comunitárias e indígenas do Amazonas e do Pará. Marcos Apurinã, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), participou do encontro em que foi pedido apoio da ONU para estimular a organização dessas populações.
Em inglês, o secretário elogiou o esforço da população local para preservar a floresta e disse que a ONU se compromete a lutar junto com as comunidades da Amazônia. No final do discursos, agradeceu em português: “Muito obrigado pelas boas vindas e hospitalidade.”
A ministra Marina Silva apresentou, na visita, três questões que, segundo ela, precisam de ajuda da ONU: apoio para conservação da diversidade biológica, organização do acesso aos recursos naturais e indenização aos países que prestam serviços ambientais.
Em Belém, Ban Ki-moon conheceu o trabalho científico realizado no Museu Paraense Emílio Goeld. De acordo com a assessoria do museu, as pesquisas são referência nacional e, por isso, foram incluídas na agenda do secretário-geral, que veio ao Brasil para conhecer o projeto do biocombustível e seus possíveis impactos na região amazônica. A direção do museu apresentou a ele a Lista Vermelha dos 181 animais em extinção no Pará.
Alguns movimentos sociais, no âmbito da Frente em Defesa da Amazônia, criticaram a programação oficial, depois do cancelamento da visita que Ban Ki-moon faria à cidade paraense de Santarém. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o cancelamento foi definido pela ONU.
Em carta, os movimentos sociais afirmam que “o interesse comercial latente que os empresários locais e as esferas de governo municipal, estadual e federal vêm demonstrando com os visitantes escamoteia a total indiferença com que as comunidades locais são tratadas na definição do uso de seus territórios". E concluem: "Mais uma vez nossa região é vista como 'terra sem povo', encarada como um espaço para apropriação.”
(Por Alessandra Bastos e Amanda Mota, Agência Brasil, 13/11/2007)