(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
consumo sustentável/consciente
2007-11-14
A mudança climática não é inexorável, sempre e quando forem adotadas medidas de imediato, afirmaram organizações não-governamentais e oficiais no início, ontem, da vigésima reunião plenária do Grupo Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC). A reunião, que vai até sábado na cidade espanhola de Valencia, no Mediterrâneo, reúne cerca de 500 especialistas de 130 países, que foram recebidos com um cartaz de 400 metros quadrados com a mensagem: “Perigo: salvemos o clima já”, colocado na frente da sede do encontro pela organização ecologista internacional Greenpeace.

Javier González, coordenador de energia da não-governamental Ecologistas em Ação, acredita que não há muito a ser analisado e discutido, porque já se sabe o que é preciso fazer: “a única solução é reduzir o consumo de energia e outros bens até agora consumidos exageradamente”, disse à IPS. “Nos países do Sul alguns setores sociais e nos do Norte praticamente todos consomem coisas desnecessárias: embalagens e publicidade dos produtos, gasolina em países onde é comum ver uma única pessoa viajando em um automóvel, luzes acesas dia e noite desnecessariamente, casas com vários televisores, etc”, disse González. “Na Europa estamos acostumados a ver como são jogados no lixo eletrodomésticos praticamente novos, que ao apresentarem um defeito não são consertados, mas trocados por outros, assim como é difícil encontrar circulando automóveis com mais de seis ou sete anos de idade”, acrescentou.

O IPCC foi criado em 1998 no contexto da Organização das Nações Unidas e é formado por cientistas e instituições acadêmicas de todo o mundo, bem como por representantes governamentais. Os pesquisadores revisam analisam e compilam estudos sobre a ciência da mudança climática, seu impacto na natureza e nas sociedades e os caminhos para minimizar seus efeitos e adaptar-se a ela. Os representantes dos governos cuidam de revisar e referendar as conclusões dos relatórios científicos. Em Valencia, os participantes devem fazer a revisão final do Informe de Síntese, de caráter cientifico, e que deverá servir de guia para as decisões políticas imediatas previstas em todo o mundo para abordar a mudança climática.

Em seu último informe, divulgado em três partes durante este ano, o IPCC afirma que o “aquecimento do clima é inequívoco e a maior parte do mesmo nos últimos anos se deve, muito possivelmente (com 90% de certeza), ao aumento dos gases causadores do efeito estufa”. Segundo Raquel Montón, responsável pela campanha referente à mudança climática do Greenpeace Espanha, esse informe “resume o problema, as causas e as soluções e é a demonstração inequívoca para governos, empresas e pessoas sobre a necessidade de se atuar com urgência frente a mudança climática, e que é possível fazê-lo”.
Segundo o consenso científico representado no IPCC, atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis ou o desmatamento, entre outras, provocaram nos últimos 200 anos um excessivo acúmulo de gases causadores do efeito estufa na atmosfera. Esses gases, como o dióxido de carbono, agravam o efeito estufa natural, ao reter por mais tempo na atmosfera o calor dos raios solares, desencadeando o aquecimento global. Esse aquecimento desatou o fenômeno da mudança climática, que se expressa no derretimento das geleiras, na elevação do nível do mar, em alterações nos regimes de chuvas, intensificação de secas e manifestações extremas como tempestades e furacões.

Ao inaugurar a reunião, a primeira vice-presidente do governo espanhol, Maria Teresa Fernández de la Vega, começou recordando que “alguém” lhe disse que “deveríamos cuidar mais da Terra porque é onde todos vivemos, é o que compartilhamos, é nossa casa”. Não se trata de uma ativista, nem um conhecido escritor, nem um pensador cosmopolita inquieto pelo futuro do planeta. “É uma mulher indígena de uma aldeia da Guatemala. Uma mulher que, como tanto outros milhões de pessoas, vive em um povoado distante e quase isolado, apegado à sua terra e a tradições ancestrais”, afirmou Maria Teresa.

“Provavelmente, jamais tenha ouvido falar em grandes números macroeconômicos, nem nas grandes linhas da política internacional, nem de tantas outras coisas que superam os reduzidos limites que separam sua aldeia do resto do mundo”, acrescentou. Mas, essa mulher compreendia “muito bem o que representa o aquecimento global, a contaminação e a degradação do meio ambiente e os efeitos que isso tem para todos nós. Aquela mulher, naquele pedaço distante do mundo, sabia muito bem o que significa a Terra, com letra maiúscula e a terra com letra minúscula, porque a cada dia proporciona quase tudo a ela e à sua comunidade”, afirmou María Teresa.

O problema que se discute em Valencia é global, já que, afirmou a vice-presidente, “nem a contaminação dos mares, nem os gases causadores do efeito estufa, nem o aumento de temperaturas ou a elevação do nível do mar se detém nas fronteiras de nenhum país”, por isso, “é preciso trabalharmos unidos, mais unidos do que nunca, é uma exigência”. Maria Teresa encerrou comprometendo “o mais absoluto compromisso do governo espanhol nesta tarefa que nos une, na luta contra a mudança climática”.

Madri aprovou no começo do ano uma Estratégia Espanhola de Mudança Climática e Energia Limpa, com 198 atuações e medidas em diferentes níveis, que contempla atuações que vão desde a cooperação internacional até a pesquisa, o fomento de hábitos de consumo mais responsáveis e de construções mais eficientes, a aposta por energias alternativas e a elaboração de estratégias de adaptação às mudanças.

Raquel Montón afirmou que “o governo da Espanha dever promover os mais altos compromissos de redução de emissões, para evitar os piores impactos da mudança climática, e desenvolver um sistema 100% renovável com contribuição ao desenvolvimento mundial destas energias, tal como aconselha o IPCC”. O informe deste grupo, cuja redação final será divulgada no sábado, será insumo fundamental para a XIII Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática e a terceira Reunião das Partes do Protocolo de Kyoto, que acontecerá em Bali (Indonésia) entre 3 e 14 de dezembro, para estabelecer políticas em todo o mundo.

O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997 e em vigor desde 2005, estabelece metas obrigatórias de redução de gases causadores do efeito estufa para todos os países industriais que o assinaram. O prazo para cumprir esses compromissos termina em 2012. Em Bali, os governos do mundo deverão começar a delinear um novo pacto vinculante que vigorará a partir de então. O IPCC foi premiado este ano com o Nobel da Paz, junto como o político norte-americano Al gore, por suas contribuições para o entendimento e a divulgação de um fenômeno no qual se joga o futuro da humanidade.
 
(Por Tito Drago, IPS, 13/11/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -