Após mais de quatro anos de luta para impedir que as atividades da papeleira Botnia fossem iniciadas na cidade Fray Bentos - nas margens do rio Uruguai -, os movimentos sociais argentinos e uruguaios, prometem realizar manifestações na região até que a permissão de funcionamento da empresa, dada no último dia 8 pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, seja retirada.
No sábado (10/11), os delegados e delegadas da Assembléia Regional Argentina - Uruguai, formada por organizações sociais e ambientalistas, estiveram reunidos em Colonia Agraciada (Uruguai) para "planejar os próximos passos e fortalecer os laços que desde sempre uniram os povos que habitam ambas margens do rio Uruguai".
Desde sábado, moradores da cidade de Gualeguaychú - localizada no lado argentino do rio Uruguai - realizaram uma marcha pacifica na Ponte San Martín, que reuniu milhares de pessoas, para protestar contra a empresa finlandesa Botnia. Ontem, manifestantes da cidade argentina de Concordia fecharam em manifestação o último canal, de três, de contato terrestre entre os dois país.
A decisão do governo uruguaio, divulgada durante a Cúpula de Presidentes Ibero-americanos, surpreendeu o governo da Argentina, e abalou a relação entre os países vizinhos, pois o assunto ainda estava em negociação e os argentinos esperavam fazer esse anúncio só na semana que vem. Ao ser questionado pela imprensa, o presidente Tabaré disse que não tem que avisar, nem pedir permissão a ninguém para outorgar a habilitação e que se o governo argentino quiser levar o caso ao Tribunal Internacional de Haya, pode fazê-lo.
A Assembléia Regional divulgou nota na qual repudia o início das operações e diz que o rio Uruguai está em luto. O funcionamento da papeleira às margens do rio pode contaminar as águas e prejudicar todo o ecossistema ao redor dele. "Resolvemos instituir como dia de dolo regional o dia 9 de novembro, data que com o tempo se converterá no triste emblema de um processo de contaminação e submissão a interesses estrangeiros sem precedentes na região", disse a nota.
As atividades de protesto já começaram a ser planejadas. No dia 12 de dezembro, os integrantes da Assembléia participarão, a partir das 12h, da marcha que a União de Assembléias Cidadãs realizará na Praça de Maio, em Buenos Aires. Também como parte da jornada de lutas, será realizada uma marcha em Montevidéu, no mesmo dia e horário da manifestação Argentina.
A segunda reunião da Assembléia Regional foi marcada para a cidade de Tacuarembó (Uruguai) no domingo 16 de dezembro, pois no mesmo local, no dia anterior, os assembleístas apoiarão o protesto ambiental que será realizado na cidade. A Assembléia está unida para "coordenar ações conjuntas contra este modelo fundado no saque de nossos bens naturais, a estrangerização e concentração da terra em poucas mãos e o menosprezo da nossa dignidade".
Temor de novas empresasNa nota, a Assembléia Regional Argentina - Uruguai disse ter um "profundo temor" diante do possível estabelecimento de uma empresa siderúrgica da empresa Rio Tinto sobre o rio Uruguai, no sul do Estado de Soriano (Uruguai), distante 20 quilômetros de Nueva Palmira.
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Adital, 12/11/2007)