III Conferência Regional sobre Mudanças Globais na América do Sul reuniu autoridades e especialistas As posições tímidas do governo federal defendidas nas negociações internacionais, para o enfrentamento dos problemas decorrentes das mudanças climáticas, foram alvo de críticas durante a mesa-redonda realizada nta quinta-feira (08/11), durante a III Conferência Regional sobre Mudanças Globais na América do Sul, realizada no hotel Bourbon Ibirapuera, na capital. Organizado pelo Instituto de Estudos Avançados da USP e Academia Brasileira de Ciências, e tendo como coordenador o professor José Goldemberg, da USP, o debate contou com a participação do presidente da CETESB, Fernando Rei, que dividiu a mesa com Marco Antonio Fujihara, do Instituto Totum, e Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo Fernando Rei, o país vem perdendo liderança nos fóruns internacionais, principalmente entre o bloco de nações emergentes formado pelo Brasil, China, Índia e Rússia, por insistir em repetir a argumentação-base de combate ao aquecimento global do princípio das responsabilidades históricas, que consta da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU e que reconhece que as nações desenvolvidas são as grandes responsáveis pelo problema do aquecimento do planeta.
“É uma postura tímida e bem diferente da exercida pelo governo de São Paulo, que há tempos assumiu voluntariamente metas de redução das emissões de CO2”, citando, ainda, outros avanços obtidos pelo Estado paulista nesta área, como o PROCLIMA e o inventário de emissões de fontes fixas que a CETESB vem coordenando, ações regionais necessárias para o enfrentamento do desafio global.
Para Marco Antonio Fujihara, há uma grande desarticulação a nível nacional, visando a definição de uma política pública para enfrentamento do problema, enquanto que no cenário internacional, “deixamos de ser protagonistas na defesa de mecanismos mais eficientes de combate ao aquecimento global, para sermos mero coadjuvante neste processo”.
As discussões se pautaram pelo andamento das negociações internacionais da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima, o Protocolo de Quioto, e iniciativas regionais para o estabelecimento de um regime climático pós-2012, como projetos de mitigação, como o MDL e novos padrões de consumo.
O recente relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), mostra claramente que é possível deter o aquecimento global se o processo de redução das emissões for iniciado antes de 2015. De acordo com o documento, para salvar o clima do planeta, a humanidade terá que diminuir de 50% a 85% as emissões de CO2 até a metade deste século.
(Por Renato Alonso,
Ascom Cetesb, 08/11/2007)