Quando saírem do papel, os investimentos das grandes fabricantes de papel e celulose na Metade Sul do Estado colocarão esses produtos como responsáveis por 16% de todas as exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul. O cálculo é da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e consta na última Carta de Conjuntura da entidade, sobre cálculos dos valores de 2005. Hoje, as vendas externas desses materiais são de 352,6 mil toneladas anuais (2% do agronegócio), e passariam para 2,9 milhões de toneladas por ano em 2011, alta de 741%. "São investimentos que causarão grande impacto na balança econômica do Estado", destaca Maria Benetti, responsável pelo estudo.
Os investimentos de Aracruz, Votorantim e Stora Enso deverão alavancar a representatividade do Estado no cenário nacional de papel e celulose. Hoje, o Estado produz 2% do papel e 4% da celulose do Brasil, enquanto São Paulo, por exemplo, fabrica 46% do total. Os aportes colocarão o Estado na liderança da produção nacional, com 26% do total, diante de 25% de São Paulo. "Enquanto parte da produção agrícola sai do Estado para outras regiões e outros grãos não têm mais capacidade para crescer, a produção de papel e celulose surge como uma alternativa de setor produtivo emergente para o Estado", defende Maria.
A pesquisadora acredita que os investimentos resultarão em uma mudança importante no perfil da Metade Sul do Estado. Poderão fortificar sua economia e atrair novas empresas de diferentes setores. "Os investimentos em infra-estrutura por parte da iniciativa privada, com a construção de hidrovias e reforma de estradas, criará um ambiente muito mais favorável para o desenvolvimento e a atividade empresarial na região", diz ela. "Será uma mudança importante para a Metade Sul", comenta. Dentro do impacto dos investimentos no desenvolvimento do Estado, ela considera natural a demora para a emissão dos relatórios ambientais para a instalação das papeleiras.
Maria aposta em um trabalho mais próximo entre as fabricantes no cone sul, pela proximidade dos investimentos no Brasil, Uruguai e Argentina. A localização próxima a hidrovias e aos portos da região seriam importantes para a consolidação desse cenário. Além disso, a alta produtividade do País, que chega a 41m³ por hectare ao ano, praticamente o dobro de outros importantes centros produtores, como Austrália e os Estados Unidos, deve garantir a chegada de novos investimentos na região.
(Jornal do Comércio, 13/11/2007)