Presidente da estatal afirma que alto custo não impedirá extração em novo megacampoEmpresa entrou com recurso no TJ do Rio para derrubar obrigatoriedade de manter volume de gás enviado para as distribuidoras do Rio
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse ontem em Roma que não existem dificuldades para equacionar o financiamento do campo de Tupi, maior descoberta da história da companhia, anunciada na semana passada. Localizada na bacia de Santos, a reserva de Tupi é explorada pela Petrobras em sociedade com a portuguesa Galp e a britânica BG. Embora não fale ainda em cifras, o executivo disse que "dinheiro não é problema" para desenvolver a descoberta.
O entrave, porém, pode surgir se o preço do petróleo baixar muito e tornar a reserva inviável comercialmente. Indagado se uma queda brusca das cotações do barril de petróleo poderia levar a estatal a desistir do projeto, Gabrielli afirmou: "No nosso plano estratégico, o valor usado é de US$ 35 o barril para gerar valor presente líquido positivo".
Segundo o executivo, esse valor é a referência do plano de negócios em vigor neste ano, que sempre é revisto anualmente. Gabrielli disse, no entanto, que ainda não foram feitos cálculos precisos sobre o valor do óleo que torna o projeto viável economicamente.
Os números já conhecidos sobre o campo, porém, são muito altos para o padrão de custos da indústria petrolífera no Brasil. No primeiro poço perfurado, foram gastos US$ 240 milhões. No segundo, o valor baixou para US$ 170 milhões, segundo o executivo. Para Gabrielli, porém, foi um investimento bastante proveitoso. "'É a segunda maior descoberta do mundo, atrás apenas de outra no Cazaquistão. É o dobro da descoberta de Marilm, que é o maior em operação no Brasil atualmente."
Em entrevista à CNN, Gabrielli disse que a produção de Tupi deve começar em 2010 ou 2011. Numa primeira fase, vai produzir 100 mil barris por dia. Para ele, os preços do barril de petróleo devem se manter no atual patamar.
LiminarA Petrobras informou ontem que entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio para suspender a liminar, obtida pelo governo do Estado, que obriga a empresa a manter o abastecimento de gás às distribuidoras do Estado dentro dos padrões anteriores ao corte no fornecimento, em 30 de outubro. Em nota, a Petrobras disse que o objetivo do recurso é "assegurar a geração de energia pelas usinas termelétricas".
(Pedro Soares,
Folha de São Paulo, 13/11/2007)