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cana-de-açúcar etanol biocombustíveis
2007-11-13
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) enviou ontem (12/11) uma carta para a Embaixada das Organizações das Nações Unidas (ONU) solicitando a revisão do relatório interino sobre o Direito ao Alimento, produzido pelo relator especial da ONU, Jean Ziegler.

A carta tem por objetivo criar um diálogo construtivo entre o relator especial e as entidades ligadas ao setor de açúcar e álcool sobre o assunto e pedir que um novo relatório seja feito com base científica e em estudos sobre o setor.  

Segundo o presidente da Unica, Marcos Jank, a carta foi elaborada junto com outras três entidades internacionais ligadas ao setor para mostrar ao relator que, ao contrário do que foi colocado no documento elaborado por ele, os biocombustíveis não levam à fome. No relatório, que é provisório, Ziegler classifica a produção de biocombustíveis como “crime contra a humanidade” e “receita para o desastre”.

O relatório enfatiza ainda que os biocombustíveis “são responsáveis por aumentos significativos nos preços dos alimentos e por isso levarão à fome desenfreada em países pobres”.  

De acordo com Jank, o documento foi elaborado sem embasamento científico e coloca fatos que não correspondem com a realidade. “O problema da fome é de oferta, é de demanda, de renda, de pessoas que não têm emprego ou renda suficiente para comprar alimentos”.

Segundo ele, o petróleo é muito mais nocivo e responsável pela fome, já que os preços do produto aumentam mais e frequentemente, refletindo nos preços dos produtos agrícolas. “O relatório interino destaca casos isolados e não menciona melhorias em termos sociais, de geração de emprego e crescimento de renda associadas à indústria de biocombustíveis”.  

O presidente da Unica destacou que os biocombustíveis ajudam a amenizar os efeitos do aquecimento global, o que torna inviável a moratória de cinco anos para a produção e uso dos biocombustíveis proposta no relatório de Jean Ziegler. "Nossa experiência no Brasil mostra que conseguimos desenvolver alimentos e energia. Portanto nós vemos no Brasil um grande exemplo de um país que conseguiu resolver problemas alimentares clássicos e energéticos novos”.

Jank explicou que a carta deixa claro que os biocombustíveis beneficiam os países em desenvolvimento e ricos, e que existem novas tecnologias para produzir esses produtos de forma cada vez mais eficiente. “Esperamos que a versão final desse relatório traga pontos positivos para que os países adotem os biocombustíveis como uma solução não só de produção e de consumo, mas de importação e de comércio”.

Segundo ele, é possível no Brasil produzir alimentos e biocombustível de forma competitiva e sustentável ambiental e socialmente e comercializar o produto e com isso reduzir a pressão que existe hoje sobre o mundo fóssil.

O presidente da Unica reforçou que um relatório que propõe o banimento de biocombustíveis durante cinco anos e fala negativamente do impacto do produto sobre os alimentos pode fazer com que os países que estão criando programas para aumentar a produção e consumo de biocombustíveis desistam. “O que queremos é que isso não ocorra. A ONU tem todo direito da fazer o que quiser, mas se fizer um relatório que seja baseado na verdade dos fatos”.

(A Tribuna Online, 12/11/2007)



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