O presidente da Valec Engenharia e Construção, José Francisco das Neves, estimou que deve ser feito até o fim do ano o pedido de licenciamento ambiental para o projeto do trem-bala que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo.
A Valec é uma estatal ligada ao Ministério dos Transportes. A empresa foi criada para viabilizar a construção da Ferrovia Norte-Sul e teve sua missão acrescida da coordenação do projeto do trem-bala, elaborado pela empresa italiana Italplan.
Segundo José Francisco Neves, a prospecção arqueológica do projeto está sendo concluída pela área técnica da Valec, visando à entrada do pedido de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que analisará se o empreendimento tem viabilidade ambiental ou não.
O presidente da Valec disse à Agência Brasil, na última quarta-feira, que a obra “interfere muito pouco no meio ambiente” e não exige transferência de populações ao longo do percurso nem causa prejuízos à mata atlântica. Ele informou que, do total de 403 quilômetros do trajeto, 60% são túneis e viadutos.
Neves demonstrou otimismo em relação à inauguração do projeto antes do prazo previsto de 2015. Afirmou que há um consórcio interessado em participar da concorrência, formado pelas empresas Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, além da companhia italiana Impreville. E que há interesse também por parte de empresários italianos e japoneses, da estatal coreana do setor e da companhia Alstom, proprietária do trem-bala francês.
O investimento total previsto é de US$ 9 bilhões e quem vencer a licitação paga o custo do projeto. “O governo não gastará um centavo”, afirmou o presidente da Valec, acrescentando que, se o vencedor da concorrência não montar a equação financeira em dois anos, a concessão volta para o governo. “Nós não temos risco nenhum”, disse.
Há quatro anos, José Francisco das Neves vem se dedicando à tarefa de coordenar o projeto da ferrovia de alta velocidade Rio-São Paulo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fará a avaliação do projeto. Segundo Neves, o BNDES deverá contratar uma empresa de auditoria internacional para fazer a análise técnica e econômico-financeira do projeto já concluído pela Valec.
Pelo projeto, o trem-bala ligará a capital fluminense à cidade de São Paulo a uma velocidade comercial de 280 quilômetros por hora. O trecho de 403 quilômetros entre a Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e a Estação da Luz, em São Paulo, será completado em uma hora e 25 minutos. O preço estimado da passagem é de US$ 60 dólares (cerca de R$ 120).
O presidente da Valec avaliou que a modalidade de transporte não poderá ser adotada entre outras capitais. “No mundo, o único trecho que a meu ver ainda existe com rentabilidade, ou seja, que se paga por si só, é Rio-São Paulo. O restante vai ter que ter dinheiro público”, opinou. Para os demais trechos, Neves afirmou que terão de ser feitos projetos por meio de parcerias público-privadas (PPPs).
A expectativa de Neves é que o projeto da ferrovia de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo poderá ser pago no prazo de oito ou nove anos. No Japão, segundo ele, o trem-bala, inaugurado em 1964, teve o investimento totalmente pago em sete anos.
A demanda estimada pelos italianos para o trem-bala brasileiro é de 32 milhões de passageiros por ano em 2015, informou Neves. Se a demanda for inferior, da ordem de 16 milhões de passagens anuais, o projeto se pagará em 12 ou 13 anos, pelos cálculos do presidente da Valec.
A concessão será dada ao setor privado por 35 anos, mais sete anos para as obras. “O que a gente tem que fazer no governo agora é testar. Coloca no mercado e vamos ver. Não tem como dar errado”, concluiu.
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O Dia Online, 11/11/2007)