A desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, pode ser alvo de disputa entre as cinco etnias que habitam a região: Ingaricó, Macuxi, Patamona. Taurepang e Wapixana. A avaliação é da presidente da Comissão da Amazônia na Câmara dos Deputados, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
De acordo com a parlamentar, há risco de conflito entre etnias indígenas durante a retirada dos últimos arrozeiros que vivem na área. A saída dos produtores, segundo ela, divide a comunidade local. “Além do conflito entre indígenas e não-indígenas, o estado de Roraima também é marcado pelas desavenças entre os próprios indígenas”, alega.
Para a deputada, parte da população indígena pode ter sido aliciada pelos arrozeiros. “Uma parte importante da comunidade local passou para o lado dos não-indígenas, com métodos questionáveis”, alegou Grazziotin, que defende a desocupação dentro de um clima de negociação. “Há uma parte dos indígenas do lado dos arrozeiros.”
O agente de saneamento da comunidade indígena Macuxi, Cristóvão Galvão Barbosa apresenta opinião diferente da deputada. Ele afirma que os índios estão unidos e preocupados com a situação do meio-ambiente na área e nega qualquer desentendimento entre as etnias. “O conflito não é a nossa intenção como organização indígena após a desocupação”, rebate.
Em 12 de setembro, líderes indígenas da Terra Indígena Raposa Serra do Sol se reuniram em Brasília, e assinaram uma carta-compromisso, firmando um acordo entre as organizações indígenas e o governo federal para garantir a saída pacífica dos arrozeiros.
Homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 15 de maio de 2005, a Terra Indígena Raposa Serra do Sol ocupa o nordeste de Roraima. A área abrange 1,740 milhão de hectares e abriga 14 mil indígenas.
(Por Leandro Martins, Rádio Nacional/Agência Brasil, 09/11/2007)