A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentou, a partir deste domingo (11/11), os resultados de pesquisas realizadas nos últimos quatro anos com o objetivo de melhorar a qualidade dos alimentos produzidos e comercializados no país.
Durante encontro em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, especialistas dos Estados Unidos, México, Peru, Colômbia, China e Índia, conhecerão o trabalho de biofortificação de alimentos e também apresentarão, até quarta-feira (14/11), as experiências em seus países.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a falta de nutrientes como a pró-vitamina A (betacaroteno), ferro e zinco torna cerca de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo suscetíveis a doenças como a cegueira, anemia e problemas do intelecto, entre os quais a falta de atenção na escola que persiste até na fase adulta.
O trabalho coordenado no Brasil pela Embrapa Agroindústria de Alimentos integra os programas internacionais HarvestPlus e AgroSalud, que têm entre seus principais financiadores o Banco Mundial e a Agência Internacional de Desenvolvimento do Canadá.
Segundo a pesquisadora Marília Nutti, responsável pelo projeto, é necessário o apoio de outros ministérios – e não apenas o da Agricultura, que atualmente é parceiro – para garantir a continuidade das pesquisas, uma vez que o trabalho será desenvolvido em dez anos.
Essas pesquisas abrangem alimentos como feijão, arroz, mandioca, milho, trigo, batata doce e feijão caupi, conhecido como feijão de corda – todos amplamente consumidos por populações de baixa renda na África, na América do Sul e na Ásia, lembrou a coordenadora, que acrescentou: "A gente quer, por meio da agricultura, ter um impacto na saúde humana".
As pesquisas buscam fazer com que os alimentos considerados básicos tenham mais nutrientes. Marília Nutti explicou que a falta de ferro provoca anemia, problema que atinge hoje mais da metade das crianças brasileiras. E que a carência da pró-vitamina A tem impacto mais expressivo em alguns estados da Região Nordeste, como Maranhão e Sergipe, onde estudos da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) realizados entre 1990 e 2000 apontam 32% das crianças menores de cinco anos com hipovitaminose (falta de vitamina A) e 50% com ferropriva (falta de ferro no organismo).
A partir de 2008, os pesquisadores brasileiros iniciarão o trabalho em campo, testando nesses estados – os primeiros a firmar parceria com a Embrapa – a biofortificação de alimentos em crianças e adultos.
(Por Alana Gandra e Aline Beckstein, Agência Brasil, 11/11/2007)