A situação de conflito entre indígenas e não-indígenas no Rio Amônia, alto Juruá, município de Marechal Talmaturgo, no Acre, está cada vez mais explosiva. Desde 1998, que um grupo de Apolima-Arara (Arara do Amônia) iniciou uma luta pela regularização fundiária de sua terra. Em 2003, a Fundação Nacional do Índio (Funai) divulgou um relatório que atestou que a área reivindicada era terra tradicional daquele povo.
Ocorre que a mesma terra é disputada pelos indígenas, por moradores da Reserva Extrativista e por parceleiros do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Ao longo desses anos, aconteceram muitos casos de violência contra os indígenas, sem que nenhuma medida tenha sido tomada no sentido de evitar outros conflitos de proporções ainda maiores.
No último dia 25 de outubro, um senhor de nome Adailson, supostamente e segundo ele mesmo, com autorização do Ibama, resolveu levar a cabo uma de suas promessas: invadir a terra indígena e construir lá uma casa para morar.
A reação dos índios foi de atear fogo na casa do invasor enquanto ainda não havia moradores. No dia 26, quatro policiais federais foram até o local na companhia de mais cinco soldados do Exército Brasileiro para constatarem o ocorrido e tentar apaziguar os ânimos.
No mesmo dia, os policiais tomaram depoimento de Francisco Siqueira Arara, cacique do povo e José Ângelo, importante liderança do povo. A Funai em Rio Branco já foi comunicada dos fatos e aguarda-se uma tomada de posição.
O que torna a situação ainda mais grave é que há nove anos esse conflito vem se arrastando e Ibama, Funai e Incra não se entendem e não tomam as medidas necessárias. A comunidade, o movimento indígena e entidades de apoio, especialmente o Cimi, têm denunciado sistematicamente o descaso das autoridades, mas parece que não surte efeito.
Os Apolima-Arara encontram-se praticamente entrincheirados aguardando retaliações, já que os não-índios prometeram reagir. Nós, de nosso lado, cobramos das autoridades um fim àquela situação. Que seja demarcada em definitivo a terra e que todos os invasores sejam retirados como sendo o único meio de solucionar o problema e para que desgraças ainda maiores não venham a acontecer.
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CIMI - Regional Amazônia Ocidental, 05/11/2007)