Ontem (08) pela manhã, entre 8h30min e 10h, quem passou pela estrada da Barra se deparou com uma densa nuvem de fumaça, que se assemelhava a uma forte neblina. Moradores de bairros adjacentes disseram que a fumaça era malcheirosa e que causou irritação na garganta e olhos, além de ressecar as vias respiratórias das pessoas.
Segundo a presidente da Associação de Moradores da Barra Nova, Orlanda Kickofel, o cheiro tem sido sentido constantemente no local. "Parecia que estavam queimando algo muito grande, pois a fumaça era muito intensa", disse.
Segundo o coordenador do laboratório de Geoquímica do Departamento de Geociência da Furg, Paulo Baisch, a conjunção atmosférica atual vem propiciando pouca dispersão dos gases emitidos no Distrito Industrial. "A ausência de chuvas e os ventos fracos osciláveis favorecem a concentração de gases. Assim, as partículas atmosféricas de origem marinha estão agrupadas, juntamente com os gases poluentes", explica.
Baisch fala ainda que os principais causadores da poluição em Rio Grande são as indústrias de fertilizantes e a Ipiranga. "Nos últimos dias, foi possível notar a presença de uma fumaça preta saindo da Ipiranga. Sabemos que isso é resultado da perda de controle do sistema ocasionado, pois o material não foi totalmente queimado", fala.
Além da Barra, outros bairros sofreram com o mau cheiro ontem devido às correntes de ar.
Tanto a Fepam quanto o Plano de Auxílio Mútuo (PAM) do Porto do Rio Grande disseram não saber de qualquer tipo de incidente ou vazamento no Distrito Industrial.
Furg realiza pesquisa
Para caracterizar e identificar os males causados pela poluição, a Furg está desenvolvendo uma pesquisa em parceria com outras instituições e órgãos públicos, como a Secretaria do Estado de Saúde. "A pesquisa busca a caracterização ambiental detalhada, identificando o problema da poluição sobre doenças respiratórias e o desenvolvimento infantil. O objetivo é apontar seus efeitos no solo, na água, nos alimentos e no desenvolvimento das crianças, desde seu nascimento", explica o coordenador do laboratório.
De acordo com Baisch, o trabalho já começou. "Neste etapa, estamos providenciando os equipamentos necessários e estruturando as equipes que atuarão na pesquisa, envolvendo pessoal da Geociência, Medicina e Enfermagem", fala.
O trabalho é coordenado pela pesquisadora Vera Vargas e conta ainda com a participação da PUC de Porto Alegre.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 09/11/2007)