Ossos e caixões foram encontrados em meio aos entulhos O depósito de mais de mil caçambas de entulhos de dois cemitérios de Araranguá, num terreno particular, no Centro da cidade, revela problemas de saúde pública, crime ambiental e desrespeito aos mortos. Há dois anos, uma empresa foi contratada para fazer aterro num terreno particular - que tem em suas proximidades um córrego - , mas o proprietário da área foi surpreendido com caixões, enfeites de sepulturas e sacolas com restos mortais e ossadas.
Ontem, a equipe da Polícia Civil e do Instituto Médico Legal (IML) esteve no terreno e encontrou ossos e caixões à mostra num monte de entulho. O material foi recolhido pelo IML e fica à disposição para as investigações.
- Em 30 anos de profissão, nunca vi algo parecido. A preocupação é que moram famílias no entorno - explica o delegado Jorge Giraldi. Na segunda-feira, máquinas devem iniciar a limpeza para a realização de perícia no local.
A denúncia foi formalizada pelo proprietário do terreno, Valdo Lisboa, na Central de Polícia de Araranguá. Lisboa reuniu fotografias, feitas no dia 19 de setembro, quando foi surpreendido pelo material em sua propriedade. A empresa S.O.S. Entulho foi contratada para aterrar seu terreno com material reciclável e restos de material de construção. Entretanto, Lisboa acredita que, como a firma mantinha com a prefeitura um contrato para recolher material nos cemitérios, o entulho do local era despejado no terreno.
O catador José Duarte, que trabalha no local, passou a encontrar caixões infantis e adultos, além de sacos com ossadas.
- Quando vinham despejar pediam para eu cobrir rápido. Debaixo desse monte tem muitos sacos com material suspeito - revela Duarte. De acordo com o advogado do comerciante, Claudemir Oliveira Souza, os entulhos eram depositados a 15 metros do córrego, onde há uma Área de Preservação Permanente (APP).
(Por Ana Paula Cardoso,
Diário Catarinense, 09/11/2007)