Um empresário foi preso e oito empresas lacradas pela Operação Mata BrancaUm empresário preso e oito empresas do pólo gesseiro da Chapada do Araripe foram lacradas em uma operação inédita para combater o desmatamento na caatinga. A Operação Mata Branca foi desencadeada hoje pelo Ibama e Polícia Federal, com a participação da delegacia Regional do Trabalho e da Polícia Rodoviária Federal. A equipe fiscalizou ao todo 12 empresas e apreendeu lenha e equipamentos.
As empresas interditadas estavam devastando a caatinga pelo uso de lenha, retirada sem plano de manejo.
– Se nada for feito, em dez anos, esse rico bioma terá perdido 70% de sua área – advertiu o diretor de Proteção Ambiental, Flavio Montiel.
Ano passado, a Superintendência do Ibama em Pernambuco e três entidades representativas do setor gesseiro pactuaram um Termo de Ajustamento de Conduta, em que as empresas se comprometiam a passar a operar dentro dos requisitos ambientais, num prazo de um ano.
Antes do acordo, apenas 10% das empresas atuavam de forma regular. Hoje, com o fim do prazo de vigência do termo, essa taxa cresceu para 30%.
– Já é um avanço, mas a fiscalização será intensa para as empresas que descumpriram o acordo reconhecerem a necessidade de se regularizarem. Quem usar lenha vai ter que dizer de onde ela vem – afirmou o superintendente do Ibama de Pernambuco, João Arnaldo Novaes.
As empresas devem usar lenha de manejo florestal para garantir a sustentabilidade da atividade. Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco mostra a eficácia do manejo florestal no bioma da caatinga que tem uma enorme capacidade de se regenerar. Porém, da forma como vem sendo feito, grandes áreas já se apresentam em processo de desertificação com perda da capacidade regenerativa.
Para o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, os planos de manejo custam muito pouco em relação ao beneficio ambiental que produzem. Flávio Montiel disse ainda que os instrumentos de controle estão se sofisticando e possibilitando maior agilidade na apuração dos ilícitos ambientais, como o sistema de detecção de desmatamento na Amazônia em tempo real, o Deter, e o Documento e Origem Florestal-DOF, que, dentre outras coisas, permite mapear o transporte da madeira comercializada no país.
O Deter, por exemplo, contribuiu para reduzir a taxa desmatamento da Amazônia em 65% nos últimos três anos. Desde 2004, o Ibama planeja suas operações de combate ao desmatamento com base no Deter, um sistema pioneiro desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no âmbito do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM).
O Ibama recebe as imagens de satélite e gera um Boletim Indicativo de Desmatamento, com as coordenadas da área, nome do proprietário ou, no caso de terra pública, a identificação se é terra indígena ou unidade de conservação. O fiscal vai a campo com informações precisas de onde ocorre o desmatamento.
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ClicRBS, 09/11/2007)