A comunidade de Ligeiro, no município de Serra Branca, interior da Paraíba, inaugurou ontem (08/11), nove sistemas de dessalinização de água subterrânea recuperados pelo Programa Água Doce. Até o final de 2007, outros 12 sistemas de dessalinização serão entregues na Paraíba, envolvendo um total de 56 mil pessoas de 19 municípios.
A iniciativa é da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a Fundação Banco do Brasil.
O projeto, que tem investimento total de R$ 450 mil, consiste na construção de tanques para contenção dos efluentes de dessalinização. O recipiente, de formato trapezoidal, tem capacidade para armazenar cerca de 500 m³ de água salobra.
“O sistema é inovador porque traz benefícios para a comunidade e também para o meio ambiente”, diz o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena. Ele explica que na forma tradicional de dessalinização da água captada em poços, os rejeitos são normalmente depositados a céu aberto, degradando e impermeabilizando o solo nas regiões castigadas pela seca.
Cada litro de água pura resulta em meio litro de rejeito. Já com o sistema, a água salobra vai para um tanque onde pode ser armazenada para evaporação ou ser reaproveitada por meio de tecnologias sociais de geração de trabalho e renda para a população local.
“O objetivo é democratizar o acesso à água de qualidade e melhorar as condições de vida das populações do semi-árido”, diz o coordenador estadual do Programa Água Doce, Isnaldo Cândido da Costa.
O evento de inauguração contará com a presença do Secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Luciano Zica, do coordenador do Programa Água Doce, Renato Ferreira Saraiva, e do gerente de núcleo da área de Trabalho e Renda da Fundação Banco do Brasil, Hamilton Souza Silva.
Abrangência – Os sistemas de dessalinização já estão em funcionamento nos municípios de Boa Vista (comunidade de Caluete), Campina Grande (Carretão e Açude de Dentro), São José dos Cordeiros (Cardoso), Serra Branca (sede do município e comunidades de Ligeiro e Farias), Parari e Camalaú (Roça Velha).
Ao todo, a Fundação Banco do Brasil destinou R$ 2,8 milhões para recuperar 21 dessalinizadores e implantar seis unidades demonstrativas do Sistema Integrado de Reuso dos Efluentes da Dessalinização na região do Semi-Árido. Essas unidades reaproveitam o sal proveniente da dessalinização para a criação da tilápia rosa e o cultivo de uma planta conhecida como erva-sal. O complexo será reaplicado em 22 comunidades de 11 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O programa Água Doce inclui ainda o diagnóstico técnico e ambiental, o desenvolvimento de atividades de gerenciamento, a produção de oficinas sobre educação ambiental e a implantação de sistemas de informações e monitoramento.
Na Paraíba, a iniciativa é desenvolvida pela Secretaria de Recursos Hídricos/MMA, em parceria com a Fundação Banco do Brasil, a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), a Associação Técnico-Científica Ernesto Luiz de Oliveira Junior (Atecel), a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
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Correio da Paraíba, 09/11/2007)