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política de gestão do Pantanal passivos dos biocombustíveis
2007-11-09
Na próxima segunda-feira, 12 de novembro, completam-se dois anos de um episódio que chocou o Brasil – e muita gente também no exterior, dada a repercussão da notícia. O ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, mais conhecido como Francelmo, ateou fogo ao próprio corpo durante uma manifestação no Mato Grosso do Sul contrária ao projeto 170/05, do governo do Estado, que permitiria a instalação de usinas de álcool na Bacia do Alto Paraguai, no Pantanal.

Não foi uma decisão de momento. Francelmo, que era presidente da Fundação para Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul – Fuconams -, a terceira entidade ambientalista mais antiga do Brasil, deixou 18 cartas e bilhetes escritos de próprio punho para as pessoas mais próximas e para membros de órgãos estratégicos da sociedade (leia alguns trechos no final da matéria).

Seu gesto – tresloucado para uns; heróico para outros – teve resultado imediato: o projeto 170/05 foi arquivado em 30 de novembro – 17 dias após a morte do ambientalista -, após receber parecer desfavorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, por inconstitucionalidade.

Mas quais teriam sido as emoções que levaram o cearense, radicado em Campo Grande desde 1977, a tomar uma decisão tão extrema? “Acredito que ele estava muito bem consciente sobre a conjuntura política, seja nos bastidores de governos, entre parlamentares e, principalmente no movimento ambiental, que estava realmente perdendo forças para tentar fazer cumprir a legislação ambiental vigente”, disse o jornalista Allison Ishy. “O crescimento do setor sucroalcooleiro, a implantação de usinas altamente poluentes no Pantanal, o aumento dos conflitos indígenas e no campo e a continuidade de pequenos crimes ambientais seria inevitável. Francelmo já sabia de tudo isso, ele testemunhou e viu o entra-e-sai de partidos, de governos, de gabinetes e secretarias de Meio Ambiente”.

Segundo Allison, Campo Grande só criou há alguns anos sua Secretaria de Meio Ambiente por causa da movimentação que Francelmo fazia, quase sozinho, com um abaixo assinado no braço, pedindo assinaturas para sensibilizar o prefeito. Embora o sacrifício do ambientalista tenha conseguido que nem fosse votada a mudança na lei que até hoje proíbe a implantação de usinas de álcool no Pantanal, no ano seguinte, 2006, os deputados permitiram ampliar os empreendimentos desse tipo já existentes na Bacia do Alto Paraguai.

Atualmente 11 usinas estão instaladas em Mato Grosso do Sul, duas na Bacia do Alto Paraguai. Outros 31 projetos de usinas sucroalcooleiras estão em andamento para implantação. O objetivo é chegar nos próximos anos a uma área de 1.800.000 hectares de cana-de-açúcar plantada naquele estado. “Em cada conversa que tinha com o Francelmo, aprendia alguma técnica de jornalismo e de ambientalismo”, diz Allison. “Mas o melhor de tudo era poder ver naquela pessoa um homem bom e sincero em sua luta”.

Confira trechos de cartas do ambientalista, retirados do artigo "A vitória de Francelmo", publicado na revista digital Comunicação em Agribusiness & Meio Ambiente.

Aos professores
Principalmente os das universidades. Vocês não estão engajados. Ninguém tem tempo. Não podem usar a máxima que diz: façam o que eu digo e não façam o que eu faço. Não adianta deixar os trabalhos nas gavetas. É preciso motivar os alunos. (...) Eu me referi principalmente aos professores universitários, mas os do 1º e 2º graus são muito importantes.

Aos Representantes de Deus
Bispos da CNBB
Núncio Apostólico
Bispo Edir Macedo
Reverendo R.R.Soares
Paiva Neto e outras ordens
Vocês precisam defender permanentemente o meio ambiente. A Terra ela é a verdadeira casa de Deus. Como líderes religiosos só vocês podem conscientizar o povo. Não tenho visto esta defesa. Só em raríssimos casos. Pensem nisso!!!

À Imprensa
Meus queridos pares
Nós fomos pioneiros no Brasil na questão do meio ambiente. Hoje somos passados para trás pelos interesses de maus políticos, maus empresários e os PhDs de aluguel. Em termos de Brasil estamos vendo o barco afundar e ninguém diz nada. São transgênicos entrando de contrabando pelo Sul e o governo apoiando. São as queimadas da Amazônia e o governo impassível. É gente com terra do tamanho de um Estado e é gente sem terra. É a transposição do rio São Francisco no lugar de revitalização. No Pantanal querem fazer do rio Paraguai um canal de navegação com portos para grandes embarcações e grandes comboios. E o pólo siderúrgico e pólo gás-químico. Agora querem fazer usinas de álcool na bacia do rio Paraguai. 1/3 dos deputados a favor, 1/3 contra e 1/3 sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.

Aos Ambientalistas e amigos
Foi difícil tomar esta decisão de consciência. A minha vida sempre foi um sacerdócio em defesa da natureza. Ela é a nossa casa e o presente maior de Deus. Se ele deu a vida por nós, eu estou dando a vida por ele. Defendendo o futuro dos nossos filhos. O mundo corre perigo e esta é a minha modesta contribuição. Vejam só um exemplo: nós só temos 10% de cerrado. Já acabaram com 90% e, quando nós vamos defender os 10%, o mundo vem abaixo. O poder e a usura pelos bens materiais parece ser uma coisa diabólica.

(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 08/11/2007)

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