O que parecia impossível aos poucos vem se tornando realidade. Para um milhão de pessoas que vivem na região do semi-árido brasileiro, o acesso a água de qualidade é algo concreto, devido à construção de 220 mil cisternas pela Articulação do Semi-Árido Brasileiro (ASA) e parceiros como o Movimento de Organização Comunitária (MOC), na Bahia. Em comemoração a esta conquista, será realizado dia 13 de novembro, no Campo do São Paulo, em Feira de Santana, um Ato Público que celebra este trabalho.
Mais de três mil agricultores e agricultoras dos estados do semi-árido brasileiro farão uma caminhada simbólica na Avenida Maria Quitéria, partindo da Igreja Batista Alvorada e seguindo em direção ao Campo de São Paulo. Eles simbolizam todos os homens, mulheres e crianças que conquistaram, através do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão se Cisternas (P1MC), o direito à água de qualidade para beber e cozinhar.
O que é P1MC - Desenvolvido em parceria com organismos da cooperação internacional e órgãos governamentais, a exemplo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), construiu, de julho de 2000 a outubro de 2007, mais de 200 mil cisternas em 1.031 municípios, distribuídos pelos 11 estados da região semi-árida do País (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).
Mais do que construir cisternas, o P1MC vem provocando mudanças sociais, políticas e econômicas significativas na região semi-árida. Através dele, os homens e as mulheres têm tido mais tempo para se dedicar a outras atividades, seja em casa ou no roçado. Segundo estudo do Centro de Pesquisa Tecnológica do Semi-Árido (CPTSA), as pessoas que não têm cisternas podem chegar a caminhar o equivalente a 36 dias por ano. Ou seja, mais de 10% do tempo de trabalho anual de uma pessoa.
As crianças também têm tido mais tempo para os estudos e a qualidade da água da cisterna tem garantido a diminuição de doenças — disenteria, cólera, hepatite A e esquistossomose — entre essa parcela da população.
O P1MC na Bahia - O trabalho do P1MC atinge a todos os estados do Semi-Árido, na Bahia atende a 217 municípios, com um total de 51.792 cisternas construídas, mobilizando 54.074 famílias. Esses números se multiplicam em outros, quando é analisado o processo transformação na vida dessas pessoas. Além do acesso a água de forma democrática, 1.076 pedreiros executores já foram capacitados, o que reflete no total de 54.033 famílias.
(Envolverde/Mov Org Comunitária, 08/11/2007)