Cerca de 13 quilômetros da BR 364, na região de Mutum-Paraná - sentido Rio Branco/AC - devem ser inundados com a construção das usinas Jirau e Santo Antônio, obra que deve ter início em 2007. Além deste trecho, todas as pedras da cachoeira de Teotônio, na região de Porto Velho, ficarão debaixo d´água. Até uma antiga casa que fica nas proximidades de Teotônio, conhecida como Casarão dos Ingleses, ficará submersa. As audiências que vão apresentar à sociedade estes problemas serão realizadas entre 8 e 11 de novembro.
Além disso, cerca de 300 famílias que moram às margens do rio Madeira terão que ser transferidas para outras localidades. Segundo o Estudo de Impactos Ambientais (EIA), o nível do Madeira, que em período de cheia é de 200 hectares, com a construção das barragens, será de 250 hectares constantemente.
De acordo o superintendente do Ibama, Osvaldo Pitaluga, todos os impactos que a construção causará serão repassados à população, que decidirá sobre a efetivação da obra. “Não vamos esconder nada. Serão medidos os prós e os contras que o empreendimento trará”, afirma Pitaluga.
Segundo o superintendente, haverá várias formas de investimentos viabilizados com a construção do empreendimento. A compensação, que equivale a 0,5% do valor da obra, que será de R$ 20 bilhões, será usada para construção de unidades de conservação, indenizações diretas à famílias afetadas e envio de recursos federais para construção de escolas, creches, hospitais e outros investimentos na área de infra-estrutura.
GeraçãoA barragem Santo Antônio será construída na região de Porto Velho e a de Jirau na região de Mutum Paraná. As duas devem gerar 6.450 MW de energia para garantir o abastecimento para a população brasileira nas próximas décadas e diminuir os riscos de apagões. Com a construção das hidrelétricas, a energia gerada em Rondônia será transmitida para o sul do País através de linhas de transmissão que vão ligar os estados do Mato Grosso, Acre e Amazonas.
O projeto prevê o uso de usinas tipo Bulbo, que ficam submersas no rio, o que permite a diminuição dos impactos ambientais, já que este tipo de usina não exige grandes alagações, a exemplo da usina de Samuel, em Rondônia, que alagou grande extensão de terra.
CanalSegundo ainda, o Estudo de Impactos Ambientais, com a construção das barragens os peixes não vão conseguir subir o rio para desovar, fenômeno chamado de piracema. Para evitar este desastre, será construído um canal de transposição, também chamado de escada de peixes, no lado esquerdo do Madeira para que os peixes possam subir o rio e seja garantida a preservação das espécies.
AudiênciasAs audiências públicas que integram o processo de licenciamento da construção das usinas do Madeira acontecerão de 8 a 11 de novembro. As reuniões serão realizadas na zona urbana de Porto Velho e nos distritos de Jaci-Paraná, Abunã e Mutum Paraná. Se o projeto for aprovado pela população, a expectativa é a de que as obras sejam licitadas ainda este ano.
(Por Minéia Capistrano,
Rondonoticias, 07/11/2007)