A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que as emissões dos gases causadores do efeito estufa vão aumentar 57% daqui a 2030 (1,8% por ano) por falta de novas medidas para conter o consumo de energia, o que deve resultar em um aumento de 3º Celsius na temperatura global.
Em seu relatório mais recente sobre as expectativas energéticas mundiais, a AIE considerou irrealista o cenário mais ambicioso do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) adotado pela ONU. Segundo este cenário, seria possível conter o aumento de 2,4ºC na temperatura global até 2100, mas, para tanto, seria necessário que as emissões de CO2 se estabilizassem até 2015 e, então, começassem a cair.
"As emissões de CO2 ligadas ao consumo energético não atingirão seu pico até 2020 em nenhum de nossos cenários", nem mesmo no mais otimista, destacou o relatório, divulgado nesta quarta-feira. No cenário mais otimista, que compreende a adoção de medidas ambientais estudadas no mundo, mas ainda não colocadas em prática, a AIE estima o aumento das emissões em apenas 1% ao ano, contra os 1,8% esperados sem novas ações.
Este cenário, que prevê uma "redução contínua das emissões dos gases causadores do efeito estufa após 2030, antecipa um nível de concentração atmosférica destes gases". Tal situação corresponderia a um aumento das temperaturas globais de aproximadamente 3º, explicou Trevor Morgan, analista da AIE, à AFP.
"Há um consenso cada vez maior no mundo em admitir que as medidas urgentes e radicais são necessárias para reduzir as emissões de CO2 no longo prazo" para que o aquecimento climático "continue em limites aceitáveis", destacou o relatório. No estado atual das coisas, a China seria de longe o maior emissor de CO2 em 2030, à frente até dos EUA, seguido pela Índia, que se tornará o terceiro poluidor do planeta a partir de 2015 e, depois, pela Rússia e pelo Japão.
O consumo de carvão, principal combustível da Índia e da China, está amplamente relacionado com a alta das emissões de CO2, destacou o relatório, insistindo na necessidade destes dois países de ampliar seus esforços. Entre as medidas para reduzir as emissões de gás do efeito estufa, a eficácia energética seria "o meio menos oneroso e mais rápido", advertiu a AIE.
A agência recomenda também a economia de energia (apagar as luzes, usar meios alternativos de transporte, como a caminhada e a bicicleta, dentre outros), além do uso de outras energias que substituam o carvão, a mais poluente. Segundo a AIE, a captação e o estoque de CO2, assim como a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico, também são caminhos promissores.
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Agência G1, 07/11/2007)