Cinqüenta voluntários e brigadistas continuam se esforçando para apagar dois focos de incêndios que ainda restam no Parque Estadual de Itaúnas, no norte do Estado. Um está localizado no Riacho Doce, divisa do Espírito Santo com a Bahia, e o outro, a 12 km da trilha das borboletas, próximo às dunas da vila. Para que as áreas afetadas se regenerem, serão necessários, no mínimo, 20 anos.
Segundo o gerente do parque, André Tebaldi, não há como dimensionar o tamanho da área destruída, mas o Corpo de Bombeiros estima que ultrapasse 80 mil hectares. “Não paramos pra ver o tamanho do estrago ainda porque o objetivo é apagar o fogo primeiro. É importante ressaltar que as áreas destruídas são de difícil acesso, terrenos arenosos, áreas de alagado, e o vento continua muito forte. Não há sinal de chuva na região”, ressaltou.
As duas áreas que ainda pegam fogo são de turfa (material orgânico em decomposição que se acumula no subsolo e é altamente combustível). Com a falta de chuva, a turfa vira praticamente uma pólvora. Um incêndio em área de turfa é capaz de derrubar árvores pelas raízes, sem lhes dar chances de regeneração.
Na vila de Itaúnas, a informação é de que o incêndio tenha sido causado como um protesto de alguns moradores contra as proibições feitas pelo parque. Nos últimos dias, alguns conflitos apontaram o descontentamento da comunidade com a proibição da pesca no rio Itaúnas, e a caça a animais.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o número de ocorrências de incêndio registrado é alto e pode agravar com a falta de chuva. Os ventos fortes, o período de estiagem prolongada, a baixa umidade relativa do ar e a incidência forte de raios solares são fatores que contribuem para ao aparecimento de um índice alarmante de incêndios florestais neste ano.
Desde janeiro de 2007, só choveu 30% do previsto no Estado, e existem regiões que não chove há mais de sete meses, isto agrava muito a possibilidade da eclosão de incêndios florestais. Outro agravante é que proprietários de terras continuam colocando fogo em plantações de café, folhas secas e lixo, aumentando o risco de queimadas.
A falta de remanescentes florestais no norte do Estado também é apontada como um importante fator para a alteração do clima das regiões afetadas. Segundo a Sociedade Civil dos Bombeiros Voluntários, há muita plantação de eucalipto e pouca preservação das florestas, o que agrava a situação da seca.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 07/11/2007)