Canoas - O produtor rural Arlei Brondani Righi, 36 anos, perdeu 126 hectares de arroz por causa do óleo que ficou acumulado nas águas do arroio Sapucaia, na divisa das cidades de Canoas e Esteio. A substância, que chegou ao arroio devido ao transbordamento da estação de tratamento de efluentes líquidos da Refinaria Alberto Pasqualini - Refap S/A, no dia 1º, fez com que o grão queimasse e ficasse impróprio para o consumo. A Refap garante que vai ressarcir Righi, assim que ele apresentar o levantamento dos prejuízos causados pela substância. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) ainda não divulgou o valor da multa que será aplicada à refinaria.
Há 18 anos plantando arroz numa lavoura de 180 hectares, na rua Carlos Fagundes de Melo, 600, no bairro Industrial, em Canoas, esta é a primeira vez que Righi viu um acidente ambiental como o ocorrido na última semana. Como a colheita do arroz acontece entre março e abril, esse ano o produtor perdeu toda a safra. "Vivo só da plantação de arroz. A Refap me garantiu que irá ressarcir meu prejuízo", conta.
De acordo com Righi, o grão ainda estava se desenvolvendo, mas seu crescimento foi barrado devido ao acúmulo de óleo nas plantas. O arroio Sapucaia passa no meio da área onde está plantação. Ainda sem precisar o valor total do prejuízo, o produtor explica que não dá mais para alcançar o período de colheita. "Arroz agora só para o próximo ano. Até os muçuns aqui das valas morreram". O arroz plantado na lavoura de Righi é comercializado, grande parte dele, na cidade de Camaquã. Técnicos do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) visitaram o local no dia 5 e fizeram a coleta de uma amostra da água. O resultado deve sair nos próximos dias.
Uma equipe do Centro de Defesa Ambiental (CDA) da Petrobras para o Sul está roçando parte da área atingida pelo óleo. As plantas secas que estão sendo recolhidas desde sábado, 3, estão com forte cheiro da substância. "O óleo aderiu à folha e não pode mais ser percebido nela, mas está ali", garante Righi. O trabalho, de acordo com a Assessoria de Comunicação da Refap, deve seguir até quarta.
Os técnicos do setor de Emergência Ambiental da Fepam acompanham diariamente o trabalho de limpeza realizado pelo CDA. Após a conclusão é que a entidade poderá emitir um relatório com a avaliação da situação no arroio Sapucaia. "Acompanhamos o trabalho da Refap para ver se está de acordo e se está recuperando o local e minimizando o impacto ambiental", sintetizou o engenheiro químico André Milanez. O promotor Diego Barros, do Ministério Público Estadual, disse que o órgão só se manifestará após a investigação da Fepam.
(Por Daiane Poitevin,
Diário de Canoas, 06/11/2007)