Organizações sociais, pescadores e ribeirinhos da Bacia do Rio São Francisco, no estado de Minas Gerais, estiveram reunidos na segunda-feira (05/11) com representantes de três dos principais órgãos estaduais ligados à preservação ambiental. Na reunião, pescadores e ativistas cobraram soluções para agravamento da poluição do rio São Francisco, que há mais de um mês, sofre com a proliferação de cianobactérias, popularmente conhecidas como algas azuis.
De acordo com Alexandre Gonçalves, da Comissão Pastoral da Terra, a reunião foi marcada por um clima de divergências. Enquanto os pescadores apontaram como causa para a contaminação o despejo de grande quantidade de esgoto sem tratamento adequado nos rios da região, os representantes da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Instituto Estadual de Floresta (IEF) e da Polícia Ambiental, presentes na reunião, teriam alegado que o agravamento advém do período de estiagem, que diminui o volume de água e agrava o calor.
"Se fosse por causa da estiagem, outros rios também estariam contaminados", diz Gonçalves. Segundo os ribeirinhos, a contaminação tem origem no Rio das Velhas, que recebe os dejetos da região metropolitana de Belo Horizonte. Uma das áreas mais afetadas é o município de Várzea da Palma, onde há a foz e o encontro com o São Francisco.
Um teste realizado em setembro deste ano mostrou a dimensão da gravidade da poluição no Rio das Velhas. Enquanto o nível normal de cianobactérias deve ser de 10 mil células por mililitro de água tratável, no Rio das Velhas foram encontradas mais de 1 milhão de células por ml.
Embora a Copasa tenha alegado na reunião de ontem que trata 100% dos esgotos coletados de Belo Horizonte, na última semana, o deputado estadual Paulo Guedes (PT), apresentou um documento em que acusa a Copasa de estar manipulando informações. Ele afirmou que dos 90% de esgotos coletados, apenas 45% receberiam tratamento, ainda assim apenas primário, ou seja, fazendo somente a sedimentação dos resíduos sólidos.
Por conta da contaminação, o IEF baixou uma portaria proibindo os ribeirinhos da região de pescar no rio durante o período de 18 a 31 de outubro, mesmo que a pesca fosse para consumo próprio. A proibição se deu exatamente no mês utilizado pelos pescadores para se abastecer para o período do defeso, que tem início em 1 de novembro.
Os pescadores da região já estão preparando uma pauta de reivindicação que será apresentada nos próximos dias 8 e 9 de novembro, quando estarão novamente reunidos, em Pirapora, para o Grupo de Trabalho da Pesca com órgãos oficiais ligados ao setor. Na pauta, além de soluções imediatas para o problema da contaminação, os pecadores irão cobrar também reparações para os ribeirinhos que vivem da atividade da pesca.
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Adital, 06/11/2007)