Os fornecedores de produtos e serviços locais disputarão aproximadamente US$ 300 milhões do total de US$ 1,5 bilhão que a Aracruz investirá na ampliação de suas atividades em Guaíba. As empresas serão subcontratadas por 22 companhias internacionais que montarão as ilhas de produção da nova planta da empresa. "Se os preços forem competitivos, pretendemos comprar até parafusos no Rio Grande do Sul", comenta Walter Lídio Nunes, diretor de operações da Aracruz. Alguns dos possíveis nomes a serem levados às grandes fornecedoras foram conhecidos ontem, durante balcão de negócios realizado na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
A preferência por companhias gaúchas é reflexo da política de desenvolvimento de mão-de-obra local e da preferência por parceiros instalados nas regiões onde atua - o que chama de licença social. Nunes estima que aproximadamente 100 empresas gaúchas se envolverão diretamente com a ampliação, especialmente nos setores de construção civil, automação, metalmecânico, elétrico, silvicultura e transportes. "Esse encontro é uma ponte para apresentar as alternativas locais às empresas responsáveis pelas ilhas, uma vez que é importante que essa definição ocorra antes do início da obra", diz Nunes. Equipamentos mais complexos, como caldeiras e digestores, serão comprados de fora.
A Aracruz espera para até o final do ano a liberação das licenças ambientais da Fepam para começar a instalar sua nova unidade. Confirmando-se as autorizações, o martelo deve ser batido pelos investimentos em uma reunião de acionistas que ocorrerá em dezembro. As obras de terraplanagem e preparação do local começariam já em março. A nova fábrica ampliará a capacidade de produção em Guaíba dos atuais 430 mil toneladas/ano para 1,8 milhão toneladas/ano. Envolve, ainda, a construção de dois portos para embarque de madeira.
Até agora, já foram aplicados US$ 500 milhões em plantio de eucaliptos. Estima-se que a unidade irá gerar 50 mil empregos diretos e indiretos, sendo que cinco mil durante a fase de construção. "Por enquanto, temos investido em treinamento e 12,5 mil trabalhadores devem ser preparados no Estado até a construção", comenta Nunes.
A previsão inicial para inauguração, em março de 2010, possivelmente será revista. O aquecimento da atividade do setor globalmente tem causado escassez de algumas matérias-primas essenciais para a implantação de fábricas de papel e celulose, como rolamentos e tubulação. "Os prazos para a entrega dos materiais estão aumentando, por isso já prevemos um atraso de alguns meses na entrega da obra", comenta o executivo. No entanto, ele acredita no início das operações ainda no primeiro semestre de 2010.
(JC-RS, 06/11/2007)