É dramática a situação do Parque Estadual de Itaúnas, no norte do Estado. Desde a manhã deste domingo (4), um incêndio já consumiu toda a parte norte do parque, incluindo áreas de restinga, alagado e floresta nativa. Há suspeitas de que o incêndio seja criminoso. No local, equipes de Unidades de Conservação (UCs), dois carros pipas, um helicóptero e moradores tentam, insistentemente, conter o fogo.
“Recebemos algumas denúncias de que o incêndio possa ser criminoso, mas é necessária uma investigação policial, o que não sabemos se irá ocorrer”, explicou o gerente do parque, André Tebalde.
Segundo ele, durante toda a noite as equipes de apoio das UCs da região, o Corpo de bombeiros, moradores e voluntários se empenharam para apagar o incêndio, com a construção de aceiro (espaçamento sem cobertura vegetal que serve pra espaçar terreno arroteado ou desbastado em volta das matas) e utilização de abafadores. “O fogo já consumiu a trilha dos pescadores, o alagado e a trilha das borboletas. Não temos como dimensionar o tamanho da área que está sendo destruída”, lamentou o gerente do Parque Estadual de Itaúnas, André Tebalde.
Na vila de Itaúnas, circula a informação de que o incêndio tenha sido causado propositalmente, como forma de protesto de alguns moradores contra as proibições determinadas pelo parque. Nos últimos dias, alguns conflitos apontaram o descontentamento da comunidade com a proibição da pesca no rio Itaúnas, e punições decorrentes da caça de animais.
O sentimento é de desolação. Este é o segundo incêndio na região em menos de um mês. Na semana passada, uma área de 50 hectares foi destruída. A hipótese mais provável é que o incêndio tenha começado depois que um morador ateou fogo folhas secas dentro de sua propriedade. As folhas atingiram a área de alagado, causando o incêndio.
Só neste final de semana, o Corpo de Bombeiros de São Mateus recebeu mais de 20 chamadas na região de Linhares e São Mateus. Por falta de equipes, (todos estavam no Parque Estadual de Itaúnas), muitas áreas ainda continuam queimando.
Em Córrego Grande, no município de São Mateus, o fogo já consumiu a pastagem, uma plantação de eucalipto e ameaça atingir as propriedades rurais da região.
Na última semana, um incêndio também atingiu uma área de 30 hectares no município de Marilândia, noroeste do Estado. O fogo destruiu áreas de reserva legal e de Proteção Permanente (APP) e também foi causado pela imprudência de moradores que colocam fogo em folhas secas dentro de suas propriedades.
De acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), é proibida por lei a utilização do fogo na zona rural sem a autorização do órgão. De 1 de maio a 31 de outubro, o Idaf suspende as autorizações, devido à baixa umidade relativa do ar e às altas temperaturas, que facilitam o alastramento do fogo, com o objetivo de diminuir as possibilidades de incêndios florestais. [
O Corpo de Bombeiros alerta a população e recomenda que todos tenham especial atenção com o trato do lixo, não queimando resíduos em terrenos baldios, pois podem propagar as chamas para outros locais, e não descartem resíduos em lugares de vegetação, principalmente objetos de uma alta inflamabilidade.
A realização de queimadas em vegetação para limpeza de terrenos é proibida em tempos de estiagem e só podem ser feitas com autorização do órgão ambiental responsável, e mesmo assim, devem ser acompanhadas de cuidado como feitura de aceiro para evitar a propagação das chamas. Já para quem pratica o ecoturismo, os bombeiros alertam para o risco de fogueiras e lixo espalhado pelas matas.
(Por Flávia Fernandes,
Século Diário, 06/11/2007)