Escritor lembra dados do Painel Intergovernamental da ONU
Com a Sala dos Jacarandás completamente lotada, o bastião da ecologia Leonardo Boff alertou o público da Feira do Livro de Porto Alegre para a responsabilidade que temos com o meio ambiente.
– Espécies são como livros: merecem preservação, porque trazem um infinito de soluções e, quem sabe, a cura de alguma doença.
Um dia antes da sessão de autógrafos de seu novo livro O Sol da esperança, Boff transmitiu na palestra o que pretende a obra.
– Os poemas e a bela diagramação trazem mensagens natalinas, para lembrar que neste período Deus se faz presente entre os homens, que existe uma porção dele em nós.
Chamando atenção para o cuidado com o planeta, disse que, até então, nunca se tinha visto o mundo em estado de tamanha destruição. O autor de A Carta da Terra lembrou as sentenças proferidas pelos 3,5 mil especialistas presentes no Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas da ONU, ocorrido em fevereiro deste ano.
– Como eles disseram, nós não vamos ao encontro do aquecimento. Já estamos vivendo dentro dele.
As provas apresentadas por Boff são as enchentes, as secas e o desaparecimento de espécies. Citou o caso do Paraná, onde o acréscimo de 1,5ºC no clima já denunciou uma grande catástrofe ambiental.
– As flores do cafezal morrem e caem antes de formarem os grãos, e isto está forçando os agricultores do café a migrarem para Minas Gerais – comentou.
Como soluções, foram apontadas as políticas públicas distributivas.
– No Brasil, temos recursos humanos, técnicos e dinheiro o bastante para o desenvolvimento sustentável. O que falta é o sentimento de humanidade, pensar um pouco mais em dividir.
A sustentabilidade foi apontada por Boff como a melhor escolha para o fim da crise.
(Zero Hora, 03/11/2007)