A Coréia do Norte começará a desabilitar as suas instalações nucleares na segunda-feira (05), num processo que abre as portas para a normalização diplomática mas não significa sua retirada imediata da lista de países terroristas, afirmou hoje (03) o negociador americano para a crise nuclear na península coreana, Christopher Hill.
Técnicos dos Estados Unidos já se encontram na capital norte-coreana. Na segunda-feira, eles iniciarão os trabalhos de desativação da usina nuclear de Yongbyon, em coordenação com os especialistas do país.
"A idéia é incapacitar as instalações para que, no caso de a Coréia querer retomar o programa, o que seria muito ruim para todos nós, demore mais de um ano reverter o processo, o que além disso seria caro e difícil", explicou Hill.
O negociador americano nas conversas de seis lados para a desnuclearização norte-coreana (que reúnem EUA, Japão, Rússia, China e as duas Coréias) chegou ontem a Tóquio, onde se reuniu com seu colega japonês, Kenichiro Sasae.
A primeira tarefa dos técnicos, explicou, consistirá em limpar o depósito de resíduos nucleares. Em seguida, vão extrair totalmente o combustível do reator.
Segundo o objetivo fixado no dia 3 de outubro, a Coréia do Norte terá que desmantelar o complexo de Yongbyon até o fim do ano. As instalações incluem um reator nuclear de 5 megawatts, uma unidade de produção de plutônio e outra de reciclagem de combustível.
"Este é um processo intermediário. Em seguida, teremos que dar o próximo passo, que tornaria irreversível a desativação das instalações", explicou Hill. O negociador espera concluir a desnuclearização norte-coreana ainda dentro do mandato do presidente dos EUA, George W. Bush.
O enviado americano mantém seu otimismo em relação ao cumprimento dos prazos. Até 31 de dezembro deverá ser verificada a suspensão da produção de plutônio e do enriquecimento de urânio, com a paralisação do reator de Yongbyon. Também terá que ser revelada a lista completa do programa nuclear norte-coreano.
Hill afirmou que espera ter em mãos o relatório inicial do programa atômico muito em breve, "num prazo de uma ou duas semanas", com todo o material nuclear, para saber qual é a situação real do processo.
Os progressos nas conversas com a Coréia do Norte durante os últimos meses abriram a porta para a normalização das relações diplomáticas com os EUA, reconheceu hoje Hill.
A aproximação americana, porém, dependerá de se completar a desnuclearização. O programa nuclear também é o principal obstáculo para que os EUA apóiem o processo de paz na península um fórum de diálogo permanente sobre segurança no nordeste da Ásia.
No entanto, o fim do programa nuclear norte-coreano não significará automaticamente a exclusão do regime de Kim Jong-il da lista de patrocinadores do terrorismo.
"Tirar a Coréia do Norte da lista não depende só da desnuclearização. Há outros requisitos na lei americana", alertou Hill, pedindo algum tipo de declaração oficial de rejeição ao terrorismo por parte do regime de Kim Jong-il.
"Quando um país está na lista é porque esteve apoiando o terrorismo. Mas estamos trabalhando com a Coréia do Norte, informando os requisitos necessários para retirar seu nome da lista", explicou.
Na opinião do negociador americano, muitos norte-coreanos vêem no progresso da China um incentivo. Eles entendem que precisam se abrir ao exterior, o que estão começando a fazer. Mas o avanço é cuidadoso, já que existem posições contrárias dentro do país.
"Vai ser um processo lento, mas necessário. Os norte-coreanos se deram conta de que o isolamento do século XX não é um bilhete para o futuro", disse Hill.
Ele lembrou que em 2006 os únicos países com recessão no Extremo Oriente foram Mianmar e Coréia do Norte, que são os mais fechados ao exterior.
(Por Fernando Mexía, EFE, 03/11/2007)