O Ministério da Agricultura informou na sexta-feira (02/11) que nenhum fabricante de leite está interditado, ao contrário do que divulgaram alguns veículos de imprensa. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, o leite longa vida de quatro empresas está na verdade suspenso apenas para análise, cujo resultado não será divulgado porque faz parte de investigação da Polícia Federal. A comercialização do produto pasteurizado, que precisa ser resfriado e fervido para consumo, não foi suspensa.
A Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale), a Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), o Aviário Porto-Alegrense (Avipal) e as unidades da Parmalat de Santa Helena (GO) e Carazinho (RS) são investigadas pela Polícia Federal após a descoberta de que cooperativas produtoras de leite vinham adicionando água oxigenada e soda cáustica para aumentar a duração e a rentabilidade do leite longa vida, o leite de caixinha que não precisa ser resfriado nem fervido.
O ministério afirma que o leite longa vida dessas quatro empresas não chegou aos supermercados. E explica que esse tipo de fiscalização é uma ação de rotina. Toda vez que um produto vai passar por vistoria, ele é proibido de ser comercializado até que o resultado ateste a qualidade do produto. Segundo o ministério, isso não significa que a empresa não possa continuar a fabricar e estocar.
A suspensão não se refere ao leite que está nas prateleiras dos supermercados, que é de responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas à distribuição do fabricante para os pontos de venda, informa o ministério.
No último dia 26, as quatro empresas receberam um ofício-circular avisando que, a partir daquela data, “os produtos” estavam proibidos de ser comercializados para vistorias. Como o documento não informava quais produtos, segundo o ministério, as empresas suspenderam a comercialização de todos os demais produtos. Por esse motivo, na última quinta-feira (01/11), o ministério enviou um novo ofício com o mesmo conteúdo, mas alterando o termo por “leite UHT”, que significa produto pronto para consumo e que não precisa ser mantido em refrigeração.
Nesta semana, o Ministério da Agricultura anunciou medidas para aumentar o controle do leite vendido no país. Uma delas é o aumento no número de auditores para fazer inspeções e fiscalizações de surpresa. Para evitar que os próprios fiscais facilitem as fraudes, foi extinta a figura do auditor fixo das empresas ou cooperativas de leite. A escolha, a partir de agora, será aleatória.
Antes do posicionamento do ministério, algumas empresas haviam divulgado à imprensa a informação de que não foram interditadas e continuavam a trabalhar normalmente.
A Casmil informou, por meio da assessoria de imprensa, que está funcionando normalmente. A cooperativa foi interditada pelo Ministério Público Federal e pelo Procon de Minas Gerais entre os dias 22 e 24 de outubro. Depois da nomeação de quatro interventores e do afastamento da antiga diretoria, a cooperativa foi reaberta. Ainda segundo a assessoria, durante o período de interdição, 74 mil litros de leite se perderam ou “azedaram”. Por isso, esse leite será descartado em Varginha, numa das estações de tratamento da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
A assessoria de imprensa da Parmalat informou que nenhuma sede da empresa está interditada. E que durante a rotina de fiscalização do Ministério da Agricultura, uma amostra de leite é colhida de lote aleatório e enviada para análise. O laudo leva 24 horas para ficar pronto e enquanto isso, o lote fica interditado. A assessoria de imprensa informou ainda que as fábricas continuam funcionando dentro da normalidade e que vai divulgar nota de esclarecimento ao consumidor.
(Por Alessandra Bastos e Mariana Jungmann, Agência Brasil, 02/11/2007)