Deve passar de cem o número de mortos pelas enchentes provocadas pela tempestade Noel na República Dominicana, disseram autoridades na sexta-feira (02), enquanto barcos e helicópteros continuam tentando alcançar comunidades isoladas pelo transbordamento de rios.
Após vários dias de chuvas torrenciais, a contagem oficial do Centro de Operações de Emergência aponta para 79 mortos e 43 desaparecidos. Quase 65 mil dos 8 milhões de dominicanos estão desabrigados.
"Na realidade, não podemos descartar que o número de mortos supere cem, é o que tememos, porque ainda há áreas onde não conseguimos chegar por causa das inundações e desabamentos de pontes", disse um funcionário da Defesa Civil, pedindo anonimato.
Noel se transformou em furacão na noite de quinta-feira ao se afastar das Bahamas na direção da Nova Scotia (Canadá). No sábado, ao passar por cabo Cod, deve perder sua característica tropical, mas mantendo-se como uma violenta tempestade costeira.
No Haiti, há 43 mortos, 15 desaparecidos, 6.000 casas destruídas ou danificadas e 14 mil pessoas em abrigos, segundo Alta Jean-Baptiste, chefe da Defesa Civil local.
"Tememos que a chuva continue nos próximos dois dias, então convocamos a população das áreas de risco a ficarem vigilantes e fim de evitar novos danos e perda de vidas humanas", afirmou.
Houve um morto também na Jamaica e um nas Bahamas --um radialista que tentou sair nadando quando sua caminhonete foi atingida pela inundação.
Se o número de mortos na República Dominicana se confirmar, será o pior desastre natural no país desde as inundações que fizeram cerca de 250 vítimas fatais em maio de 2004. Essa mesma inundação matou 2.000 pessoas no vizinho Haiti.
Noel é a 14a tempestade digna de nome nesta temporada. No começo de setembro, o furacão Félix matou mais de 130 pessoas na América Central.
Luis Luna Paulino, chefe da Defesa Civil dominicana, disse que a situação continua crítica em muitas áreas. Várias aldeias estão isoladas na região de Bajo Yuna, 280 quilômetros a nordeste de Santo Domingo.
O presidente Leonel Fernández, que passou quinta e sexta-feira percorrendo abrigos, determinou que os técnicos realizem fumigações para impedir epidemias como a de dengue.
Fernández prometeu aos desabrigados ajuda do governo na reconstrução das casas ou na construção de novas, além da distribuição de alimentos e remédios.
O governo criou um fundo de emergência com um pouco mais de 31 milhões de dólares para reparos na infra-estrutura, como em pontes, e disse que o Banco Interamericano de Desenvolvimento aprovou um empréstimo de 200 milhões de dólares e uma linha de crédito de 20 milhões.
O Ministério da Agricultura disse que, apesar das inundações em centenas de hectares, não haverá escassez de alimentos.
As autoridades dizem que a ajuda externa já começou a chegar.
(Por Manuel Jimenez, Reuters, 02/11/2007)