Verba arrecadada através da cobrança dos direitos de propriedade intelectual sobre a soja Roundup Ready® em germoplasmas da Embrapa será usada para o desenvolvimento de novas soluções agrícolas

    O comitê gestor do Fundo de Pesquisa em Biotecnologia da Embrapa-Monsanto vai destinar R$ 3,2 milhões para o financiamento de cinco projetos com tecnologias agrícolas, todos voltados aos agricultores brasileiros, consumidores em geral e ao aprimoramento de uma agricultura ambientalmente sustentável. Pesquisas com plantas tolerantes à seca, com maior valor nutricional e rendimento por área são alguns dos temas dos trabalhos a serem desenvolvidos, focados prioritariamente ao suprimento do mercado nacional.

   Os recursos são resultado de um contrato assinado entre a Embrapa e a Monsanto em 2000, quando do licenciamento da tecnologia Roundup Ready®, desenvolvida pela Monsanto, em variedades de soja da Embrapa. Este é o segundo ano em que o fundo recebe a verba: em 2006 foram R$ 800 mil e  este ano mais R$ 2,4 milhões, que totalizam os R$3,2 milhões a serem aplicados nos projetos.

    O valor envolve o cálculo de percentual, fechado entre as empresas sob contrato, sobre parte do que foi arrecadado em direitos de propriedade intelectual, a título de royalties, pela venda de variedades de soja com germoplasma da Embrapa contendo tecnologia Roundup Ready® da Monsanto. Para  se chegar a este valor, foram levados em consideração diversos fatores, como área de soja RR plantada com germoplasma Embrapa e preço de mercado de soja grão, todos previstos em contrato comercial firmado em 2000, quando do licenciamento da tecnologia RR à Embrapa.

     Segundo Geraldo Berger, diretor de Regulamentação da Monsanto, a parceria confirma o Compromisso Monsanto de compartilhar tecnologias e recursos resultantes deste trabalho, assim como já acontece em outros países  que a empresa atua. “Além disso, os projetos selecionados possibilitam a aplicação da biotecnologia e melhoramento genético molecular para desenvolver tecnologias que contribuirão para uma agricultura mais sustentável, com plantas tolerantes à seca, resistentes a doenças e com melhoria nutricional”, explica.

O gerente-geral da Embrapa Transferência de Tecnologia, José Roberto Rodrigues Peres, reforça a importância deste financiamento para incentivar pesquisadores nacionais a desenvolver tecnologias locais voltadas às melhores práticas agrícolas, benefícios dos produtores e da sociedade em geral. “Ao explorarmos o potencial da biotecnologia para a agricultura nacional, estamos também prestigiando o patrimônio intelectual brasileiro”, completa.

De acordo com o chefe do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Carlos Eduardo Lazarini da Fonseca, a iniciativa está inserida na política de C&T da empresa. “A Embrapa tem atuado de modo a tornar efetiva e integrada a parceria com o setor privado nos processos de PD&I, desde a geração do conhecimento básico até a etapa final, em que a inovação é entregue à sociedade em forma de um produto”.

Os cinco projetos selecionados pela equipe gestora do Fundo de Pesquisa e que receberão a verba são: “Biofortificação de plantas de alface para aumento do teor de ácido fólico”, “Desenvolvimento de estratégias baseadas em RNAi para controle de Meloidogyne spp. em soja”, “Prospecção de promotores de algodão”, “Aplicação de tecnologias genômicas no melhoramento do feijoeiro comum,  visando à identificação de genes candidatos e mapeamento de locos associados ao estresse hídrico e à murcha-de-curtobacterium”, e “Projeto de genética genômica para a identificação de genes de tolerância à seca em populações segregantes de linhagens recombinantes (RILs) de arroz”.

(Por Valéria Costa, CDI-Casa da Imprensa / Embrapa, 31/10/2007)