Sapucaia do Sul - Foi interditada hoje, em Sapucaia do Sul, uma empresa de cromagem do bairro Piratini, acusada de ter despejado, nos fundos do terreno onde trabalha, uma quantidade ainda não determinada de ácido clorídrico e cromo. Uma denúncia anônima levou ao local, ainda na noite de terça-feira, fiscais da Fepam, mas a empresa estava fechada. Ontem, a Patrulha Ambiental de Sapucaia do Sul, fiscais da Fepam e técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semas) de Sapucaia realizaram uma nova vistoria que culminou com a interdição.
Segundo o tenente do Pelotão Ambiental Sérgio Saraiva, a empresa estaria de mudança para o município de Esteio. “Como estão para se mudar, derramaram todo o produto, para não terem que transportar”, afirma Saraiva. Ontem pela manhã, policiais militares do batalhão voltaram ao local, após a tentativa frustrada de vistoria da noite de terça-feira, mas também encontraram a empresa fechada.
Ainda assim, uma rápida olhada por sobre o muro que delimita o terreno foi suficiente para detectar que um crime ambiental estaria ocorrendo. Os policiais pediram então a moradores das proximidades que avisassem a polícia caso houvesse alguma movimentação no local. A resposta ao pedido veio às 13h30, quando finalmente a fiscalização pôde vistoriar a empresa.
Segundo a Brigada Militar, os responsáveis pelo despejo teriam afirmado não saber que os materiais eram perigosos, ainda que cada barril tenha estampados avisos dos riscos de lidar com os produtos. A preocupação das autoridades agora é com a contaminação do lençol freático, do solo e do ar que pode ter sido causada pelo despejo. Segundo o engenheiro civil da Semas, Rafael Stroher, o cromo é um produto químico cancerígeno.
A empresa está instalada próximo ao Arroio José Joaquim e, segundo Stroher, muitos moradores da região possuem poços artesianos que podem ter sido contaminados. A própria empresa possui um poço, que se encontrava mal lacrado. A Semas recolheu amostras da água do poço para determinar se houve contato com os produtos.
Segundo a Fepam, a empresa já havia sido multada em cerca de R$ 5 mil. Ontem, os responsáveis receberam uma nova multa de R$ 25 mil da Fepam, e mais R$ 6 mil da Semas. Além disso, a secretaria determinou que seja realizada a limpeza da área em um prazo de dez dias. Informações da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Sapucaia atestam que o proprietário e o gerente da empresa responderão a processo em liberdade, já que não ficou configurado o flagrante.
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Jornal NH, 01/11/2007)