O governador paranaense, Roberto Requião (PMDB), disse terça-feira que a Syngenta, empresa suíça de sementes, "não é bem-vinda no Paraná".
Na semana passada, um confronto entre integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e seguranças em uma fazenda da empresa no interior do Estado deixou dois mortos: um sem-terra e um segurança. Sete vigilantes de uma empresa terceirizada foram presos, mas a Justiça mandou soltá-los.
Requião classificou os seguranças da multinacional como "milícias de liquidação, à moda Tropa de Elite", numa referência ao filme sobre o Bope (Batalhão de Operações Especiais).
"É absolutamente inaceitável que milícias privadas executem cidadãos paranaenses", disse, em reunião com secretários. "Determinei que a Secretaria de Segurança Pública aja com máxima dureza no caso."
Para Requião, a Syngenta veio para o Brasil porque não conseguiu licença para produzir sementes transgênicas na Suíça. "Se fizessem na Suíça o que fazem aqui, os executivos da Syngenta estariam presos."
O governador também falou que o MST tem "acertos e erros". "Mas é um movimento social e assim continuará sendo tratado pelo governo."
Requião levantou suspeitas sobre as circunstâncias da morte do sem-terra no confronto. "Segundo me informa a Polícia Civil, ele teria sido colocado de joelhos e executado com um tiro na cabeça", disse.
Procurada pela Folha, a Syngenta informou, por meio de assessoria, que a empresa tem todas as licenças regularizadas para atuar no Estado e que não poderia comentar as declarações do governador.
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Folha Online, 31/10/2007)