Tendo como foco principal a biodiversidade existente na Terra, o filme “Um jour sur Terre” (Um dia sobre a Terra), estreou na França para mostrar ao mundo que corremos o risco de perder se não agirmos imediatamente para reduzir o aquecimento global. Cinco anos foram necessários para que Alastair Fothergill e sua equipe filmassem as mais variadas paisagens e situações, utilizando as mais avançadas técnicas de filmagem.
O filme nos leva a uma viagem desde a primavera no Pólo Norte, onde os ursos polares estão morrendo em uma taxa a cada ano mais alarmante por causa do derretimento antecipado do mar congelado, essencial para a caça da foca, sua principal fonte de nutrição. Com o aquecimento global, a cobertura de gelo marítimo está afinando demais para agüentar o peso dos ursos, que acabam vagando dias pelas gélidas águas do Ártico a procura de alimento. Cansados de tanto nadar, alguns ursos morrem afogados e outros, de fome.
Indo em direção ao sul, o filme exibe a saga de vários animais na luta pela sobrevivência, como os elefantes que enfrentam a seca extrema e o perigos do deserto do Kalahari para chegar ao próspero delta do Okavango, em busca de água e alimento. No Oceano Atlântico, ao sul do equador, as baleias Jubarte nadam cerca de quatro mil quilômetros em direção à Antártida, onde o verão lhes reserva um farto cardápio de Krill.
O que nos resta a fazer senão olhar a perfeição e a complexidade da natureza, considerando todos os seus intrincados mecanismos, e questionar como podemos agir para evitar que em 2030 o aquecimento global apague da superfície da Terra animais selvagem como o urso polar? Precisamos mesmo de fatos científicos para nos convencer de que nós estamos causando o aquecimento global? O importante é olhar para o impacto que certamente estamos causando em nosso ambiente, ao nosso redor, e agir para mudar nossos pequenos hábitos e exigir de quem está no poder para que as regras sejam cumpridas.
(Por Fernanda Müller*,
Carbono Brasil, 30/10/2007)
Fernanda Muller é geografa e mestranda em ecologia da Universidade de Montpellier, França.