Belém sediará em janeiro de 2009 um dos maiores eventos internacionais da atualidade: o Fórum Social Mundial (FSM), que reúne várias organizações não-governamentais contra as políticas neoliberais por meio de debates e ações práticas em favor da igualdade social nos países. Para definir a organização do evento e sua realização na capital paraense, cem representantes de entidades que compõem o Conselho Internacional do Fórum, responsável pelo FSM, discutem temáticas e estratégias desde ontem até o dia 1º de novembro em uma grande reunião de trabalho no Hotel Sagres, em Belém.
A expectativa é que mais de 120 mil pessoas participem do FSM, de forma que um dos desafios é acomodar o número de participantes na cidade que ainda carece de infra-estrutura turística adequada. A escolha por Belém ocorreu este ano, em encontro anterior do Conselho Internacional em Berlim, na Alemanha, logo após o fim do FSM 2007 em Nairobi, no Quênia.
Segundo Aldalice Otterloo, da Direção Nacional da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), durante a reunião preparatória será organizada a atuação de quatro grupos de trabalho no evento internacional nas áreas de Comunicação, Metodologia, Programa, Mobilização e Recursos. 'As propostas nós vamos discutir com eles (conselheiros). O evento será na Amazônia, mas tem de haver também o caráter mundial. Um dos nossos objetivos é nos preparar para a Semana de Mobilização Global, prevista para 20 a 26 de janeiro. A Amazônia está no debate internacional de mudanças climáticas, como o aquecimento global, a questão do desflorestamento, da agroenergia e da água. Não queremos que a Amazônia seja um espaço apenas onde acontece o evento, mas que participe', opinou Otterloo.
Para o integrante do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial Joel Suàrez Rodês, coordenador-geral do Centro Memorial Dr. Martin Luther King Jr., localizado em Havana (Cuba), a escolha da Amazônia para sediar o encontro de várias entidades do mundo em debate sobre o futuro da região se explica pela angústia quanto à distribuição de suas riquezas em nível global: a fauna e outros recursos. Atenta-se não só à luta por igualdade, mas também pela sobrevivência. 'O destino da Amazônia não é só responsabilidade do Brasil e de outros países onde é localizada (Colombia, Equador, Bolívia), mas do planeta', reafirmou o Rodês.
A liderança aponta muitos resultados positivos alcançados com a linha de discussões e atividades elaboradas desde a primeira realização do Fórum Social Mundial em 2001. 'O Fórum é um espaço, um grande partido global de articulação de movimentos sociais em intercâmbio e de experiências alternativas. É uma escola para aprender e desaprender uma nova cultura política que tem como princípio a diversidade'.
Na tarde de hoje ocorrerá, dentro da programação da reunião de trabalho do Conselho Internacional do FMS, um seminário com o tema 'Desenvolvimento e Direitos Humanos: A Realidade da Amazônia', que abordará a realidade e os desafios vividos pelas organizações e movimentos sociais na Amazônia. O seminário inicia às 18h30, no Hotel Sagres, em São Brás.
(
O Liberal, 31/10/2007)