Grupo ambiental recolhe, em Salvador, assinaturas contra o desmatamento para entregar ao presidente Lula O tema parece batido. Mas os dados mostram que o problema continua. Cerca de 70%¨do desmatamento da floresta amazônica serve para a criação de gado e 90% desse desmatamento é ilegal. O Brasil ocupa o quarto lugar na emissão de gases de efeito estufa no mundo e 75% das emissões decorrem do desmatamento da Amazônia. Para conscientizar a população sobre o tema, integrantes da ONG ambiental Greenpeace realizaram atividades ontem, entre 9h e 16h, na Praça Thomé de Souza. Entre elas, a exposição de um filme sobre o desmatamento, distribuição de material informativo e coleta de assinaturas para um abaixo-assinado que será entregue ao presidente Lula.
Quem quis também pôde tirar foto em frente a painéis com imagens da floresta desmatada. A idéia era posicionar o polegar para baixo, em sinal de reprovação. Foi o caso do motoboy Alan dos Santos Silva, 18 anos, que também contribuiu com a firma para o abaixo-assinado. Tudo em defesa do meio ambiente. “Dessa forma, ajudo a preservação da natureza”, sintetiza. Já a dona de casa Miriam dos Santos, 46 anos, tentou sorrir na hora da foto, até receber a sugestão de expressão mais séria. “Me passei, com o desmatamento numa foto atrás de mim, como posso pensar em sair sorridente?”, disse, entre risos.
Segundo uma das coordenadoras da iniciativa, Adriana Imparato, alguns pontos foram levados em consideração na hora de planejar a campanha. Este mês, em Brasília, foi firmado o pacto ambiental que envolveu oito ONGs, três governadores e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. “O Brasil tem que buscar recursos para arcar com serviços ambientais. Dessa forma, em 2015, consegue-se anular o desmatamento na Amazônia”. Por causa disso, continua, o governo precisa assumir metas para o desmatamento e anunciá-las na Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) que será realizada em Bali, Indonésia, no final de novembro.
A ambientalista explicou também que o cenário pode se tornar ainda mais complicado porque tramita no Congresso um projeto de lei para alteração do Código Florestal. Uma das propostas é a redução do índice da reserva legal (área que pode ser desmatada) de 80% para 50%. A campanha já passou por Porto Alegre, São Paulo e vai percorrer o Rio de Janeiro, Manaus e Brasília.
(Por Carmen Azevêdo,
Correio da Bahia, 01/11/2007)