A redução no abastecimento de gás não vai atingir o consumidor residencial e o comércio em São Paulo. A garantia foi dada por Zeni Kann, chefe do grupo técnico de concessões da Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), agência reguladora e fiscalizadora dos serviços de energia elétrica e de gás canalizado no Estado.
“O consumidor residencial pode ficar tranqüilo porque não vai faltar gás para ele – nem daqui a 50 anos”, afirmou Kann, para quem a redução no abastecimento afetará principalmente as cerca de 1,1 mil indústrias paulistas que utilizam o gás canalizado.
“Cerca de 75% do gás distribuído no estado de São Paulo vão para os clientes industriais. O residencial, por exemplo, corresponde só a 2% do volume. Então, não faz nenhum sentido mexer com o cliente residencial, que já consome tão pouco”, informou, em entrevista na tarde desta quarta-feira (31/10) à Agência Brasil.
O impacto “dessa crise” em São Paulo, acrescentou, é menor do que no Rio de Janeiro, já que muitas dessas indústrias paulistas estavam preparadas para um eventual corte de gás, fazendo uso de um combustível alternativo – em geral, o óleo combustível.
Na terça-feira (30/10), a Petrobras anunciou a redução na entrega de gás natural aos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, alegando a necessidade de garantir a geração de energia elétrica das usinas a gás natural, conforme termo de compromisso assinado pela estatal com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em maio deste ano.
Na quarta (31/10), a empresa restabeleceu o fornecimento de gás natural às distribuidoras do estado do Rio de Janeiro cumprindo determinação judicial.
Segundo Zeni Kann, a falta de chuvas e o fato de a energia nacional ser prioritariamente baseada em hidrelétricas provocaram a necessidade de se fazer funcionar as termelétricas a gás, “que ficam na reserva”. Ele acrescentou: “Vindo o mês de dezembro e começando as chuvas, certamente essa situação muda”.
Ressaltou, no entanto, que o governo deveria buscar formas alternativas para enfrentar a insuficiência da energia hidrelétrica em períodos de escassez de chuva. “Poderiam ser [usadas as] usinas a óleo diesel, óleo combustível. Mesmo que esses combustíveis sejam mais caros, evitariam transferir uma crise do setor elétrico para o setor de gás canalizado”, disse.
Em São Paulo, de acordo com o diretor da CSPE, o consumo diário de gás é de cerca de 16 milhões de metros cúbicos, o que representa, aproximadamente, 40% do consumo nacional. A redução anunciada pela Petrobras deve ser em torno de 2 milhões de metros cúbicos diários.
(Por Elaine Patricia Cruz, Agência Brasil, 31/10/2007)