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silvicultura aracruz/vcp/fibria
2007-10-31
A empresa Aracruz Celulose enfrentou na noite de ontem em Cachoeira do Sul uma prova de fogo no seu projeto de expansão das florestas no Rio Grande do Sul. Em audiência para divulgação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), com 86 participantes, os palestrantes da empresa foram torpedeados por denúncias e questionamentos de ambientalistas contrários ao processo de ampliação da base florestal. A resistência ao pretendido plantio de mais 100 mil hectares de árvores de eucalipto na região central do estado, 40 mil deles apenas na Bacia do Rio Jacuí, foi manifestada principalmente pelo padre Osvaldo Roque Franceschet e pelo agropecuarista Nelson Bennemann.

O agrônomo Eduardo Stumpf, da Aracruz, aceitou o desafio lançado pelo padre Osvaldo e se comprometeu em apurar as denúncias de que a sua empresa não estaria cumprindo a legislação ambiental. O padre responsabilizou a Aracruz pelo assoreamento de rios, denunciando que as florestas estão ocupando encostas de cerros (onde o aclive é de 45 graus ou mais) e nascentes de rios. O agropecuarista Nelson Bennemann não fez acusações, mas alertou para a formação de um deserto verde, onde as florestas artificiais estão ocupando áreas hoje usadas para a agricultura.

MITOS
O engenheiro florestal Álvaro Garcia, da empresa RHEA, que desenvolveu o Estudo de Impacto Ambiental para expansão das florestas da Aracruz no Rio Grande do Sul, destacou que em outros municípios não houve tanta resistência quanto em Cachoeira. Segundo ele, em encontros anteriores os participantes apenas manifestaram preocupações legítimas em função dos mitos da plantação de eucalipto. Garcia frisou que essa fase de discussões serve justamente para identificar os impactos, definir o que fazer com eles e monitorar os processos para minimizar os danos. A reunião desta terça-feira foi apenas um preparativo para as audiências públicas que vão acontecer nas cidades de São Gabriel, Camaquã e Butiá entre os dias 12 e 20 de dezembro.

Importante
A Aracruz tem em Cachoeira do Sul 6.518 hectares de área, mas apenas 44%, cerca de 2.860 hectares, estão plantados com florestas de eucalipto. O restante da área, 56%, são de matas nativas ou áreas de preservação permanente que não podem ser cultivadas. Para ampliar a base florestal em 100 mil hectares, a Aracruz projeta comprar propriedades em 21 dos 36 municípios onde já possui florestas. A destinação dos investimentos dependerá do custo da área, cotação que aumentou bastante depois que a empresa iniciou os investimentos. Para efeito de comparação, um hectare é aproximadamente toda a quadra onde estão o Estádio Joaquim Vidal e ginásio da Prefeitura.

(Jornal Do Povo, 31/10/2007)


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