Integrantes da Frente Parlamentar Mista em prol do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) poderão destinar mais recursos ao programa no Orçamento de 2008. A sugestão foi feita nesta terça-feira (30/10) pela deputada Maria Helena (PSB-RR). Segundo ela, cada um dos 49 senadores e 35 deputados que integram a frente deveria destinar emenda no valor de R$ 150 mil ao Proantar, que completa 25 anos em 2007.
A parlamentar participou da audiência pública promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática para discutir o programa Ano Polar Internacional (API) - iniciativa da Organização Meteorológica Mundial que envolve 63 países na realização de pesquisas científicas no Ártico e na Antártica. O programa prevê a implantação de 227 projetos até o ano de 2011. O 4º API começou em março deste ano e terminará em março de 2008.
Para o Brasil poder participar das pesquisas na Antártica, é necessário um planejamento logístico de, no mínimo, dois anos de antecedência, a fim de não faltarem recursos aos cientistas. Ainda assim, o montante destinado pelo País é muito inferior ao de outros países. A China, por exemplo, que não tem base na Antártica, destinará 40 milhões de dólares (cerca de R$ 70 milhões) ao API. O Brasil, que possui uma base naquele continente, investirá apenas R$ 9 milhões.
Visibilidade internacional
O representante do Ministério da Ciência e Tecnologia na audiência, Luiz Antonio Barreto de Castro, disse que, no Brasil, foram selecionados dez projetos para serem desenvolvidos durante o API. No mundo todo, 55 mil cientistas estão envolvidos nas pesquisas do Ano Polar.
O secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, almirante Dilermando Ribeiro Lima, afirmou que a presença do País no API dará maior visibilidade ao Brasil no conceito internacional, em razão das pesquisas já realizadas. Essa será a primeira vez que o País participará do Ano Polar Internacional. O primeiro API ocorreu em 1882; o segundo, em 1932; e o terceiro, entre 1957 e 1958.
Clima e água
O delegado do Brasil no Comitê Científico Internacional de Pesquisas Antárticas (SCAR), Jefferson Cardia Simões, destacou que a Antártica é responsável pela temperatura das águas nos oceanos, assim com o Ártico, no Pólo Norte do planeta. Ainda de acordo com Simões, 60% da água potável do mundo está na Antártica.
O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Marco Antonio Zago, afirmou que, no futuro, essa água potável poderá vir a ser tão valiosa e disputada quanto o petróleo hoje em dia.
Pelo acordo firmado pelos países que desenvolvem pesquisas na Antártica, não pode haver exploração comercial das fontes de riqueza mineral até 2048. Segundo Jefferson Simões, se o barril do petróleo chegar a 150 dólares (cerca de R$ 263,1 mil), a exploração do petróleo na Antártica pode se tornar economicamente viável - o que não ocorre hoje.
(Por Renata Torres, Agência Câmara, 30/10/2007)