A Câmara dos Deputados pode se tornar o primeiro "parlamento verde" do mundo, por adotar práticas de carbono neutro, de reciclagem de lixo, de economia de água e energia, e de educação ambiental. Durante toda a manhã desta terça-feira (30/10), deputados, senadores e dirigentes da Câmara e do Senado, além do Tribunal de Contas da União (TCU), debateram os resultados de vários desses projetos ecológicos durante o 1º Seminário de Boas Práticas Ambientais do Poder Legislativo.
Para o presidente da Câmara em exercício pela manhã, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), a gestão ambiental no Legislativo é exemplar. Na opinião dele, programas como o Ecocâmara, o Senado Verde e o TCU Sustentável servem de modelo para os legislativos estaduais e municipais e também para os demais Poderes. "Esses programas representam uma mudança de mentalidade no serviço público", afirmou Serraglio.
O diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, informou que convênio realizado com a Fundação SOS Mata Atlântica fará da Câmara o primeiro parlamento do mundo a ostentar o título de "carbono neutro". Segundo ele, a Câmara arcará com o plantio de 12.121 árvores para neutralizar os efeitos de cerca de 2,4 mil toneladas de gás carbônico jogadas no meio ambiente.
Economia de água e luz
Sampaio também informou que práticas de gestão ambiental geraram uma economia anual média de R$ 1,2 milhão com energia elétrica e de R$ 800 mil com água. Um exemplo de economia é a limpeza do espelho d'água: a mudança de procedimentos nessa limpeza reduziu a quantidade de água utilizada, de 40 milhões de litros para 8 milhões de litros (economia de 80%).
Entre os projetos desenvolvidos pelo programa de gestão ambiental da Câmara (Ecocâmara), Sampaio também citou a coleta seletiva com responsabilidade social, que sustenta 150 famílias de catadores de papel. Para colocar em prática esse projeto, houve treinamento de 700 integrantes do Programa Pró-Adolescente da Câmara, de 1.500 servidores terceirizados e de 600 universitários, que participaram de estágios.
Outro projeto citado pelo diretor-geral da Câmara é o de resíduos hospitalares, que reduziu em 70% a queima de resíduos do Departamento Médico (Demed) da Câmara. Sampaio lembrou que esse projeto foi considerado modelo e passou a ser adotado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Pauta ambiental
Para Serraglio, esse esforço interno dos servidores do Legislativo em favor de uma agenda ecológica se junta à pauta ambiental da Câmara, que inclui debates e votações de projetos sobre uma nova matriz energética para o País, a solução do déficit hídrico (principalmente no Nordeste) e o combate ao aquecimento global e ao desmatamento das florestas tropicais.
Já o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) defendeu a adoção de práticas individuais e diárias em benefício do meio ambiente, como aquelas incentivadas pelos programas de gestão ambiental do Senado e da Câmara. "Não basta cobrar a conta dos países ricos e deixar nas mãos do Estado a solução para todos os problemas ambientais", disse o senador, ao participar do seminário.
No evento, Zambiasi leu discurso em nome do presidente do Senado em exercício, Tião Viana. Ele afirmou que há uma preocupação do Senado em combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia, por ser esta a principal "contribuição" do País no processo de aquecimento global. O senador ressaltou que o desmatamento na floresta amazônica caiu pela metade nos últimos anos, mas ainda são desmatados cerca de 20 mil km² de florestas por ano.
(Por Roberto Seabra, Agência Câmara, 30/10/2007)