O analista ambiental Marcelo Sauwen Cruz, assessor da Diretoria de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), afirmou que a derrubada de florestas aumentou 700% em Rondônia nos três últimos meses, em comparação com igual período de 2003. No Amazonas, afirmou, houve um aumento de 40%, que considerou pouco significativo, se comparado com o de Rondônia.
Sávio José Barros de Mendonça, assessor para a área de Desenvolvimento Sustentável do governo do Amazonas, informou que a maior pressão por desflorestamento ocorre no sul do Estado, devido à expansão da fronteira agrícola. Os municípios mais atingidos são Humaitá, para plantio de soja, e Japuí, onde crescem as pastagens. Barros de Mendonça sustentou ainda que, atualmente, o estado conta com aproximadamente 3 milhões de hectares desmatados.
Durante audiência pública promovida pela Comissão da Amazônia para discutir ações sustentáveis de reflorestamento e sistemas agroflorestais, Mendonça afirmou, no entanto, que seu estado apresenta a maior área contínua preservada do País. De acordo com Barros de Mendonça, hoje o estado conta com 18 mil hectares de unidades de preservações, dos quais cerca de 90% seriam de uso sustentável.
Agricultura sustentável
Para o aproveitamento dessas áreas, Barros de Mendonça disse que o Amazonas conta com projetos para plantação alternada de espécies nativas e exóticas, como açaí, pupunha, cupuaçu e mogno. "Também estudamos entrar no mercado de crédito de carbono com esses programas de recomposição de florestas", afirmou.
Segundo o biólogo Marcio Silveira Armando, da Embrapa Transferência de Tecnologia, os "compradores típicos de carbono no mercado mundial" pagam entre 10 e 20 dólares (entre R$ 17,59 e R$ 35,18) por tonelada do produto.
Armando enfatizou que o principal objetivo da Embrapa na Amazônia é redesenhar o sistema de produção agrícola para que adote formas de manejo sustentáveis. Como as mudanças envolvem tanto aspectos ambientais, como sociais e culturais, ele afirma que "é fundamental a participação da comunidade na definição desses novos modelos". Uma das alternativas propostas pela Embrapa é o cultivo alternado de produtos com ciclos de colheita diferentes.
(Por Maria Neves, Agência Câmara, 30/10/2007)