Em uma manhã em que casas alagaram, gente correu da chuva e quase mergulhou nas ruas inundadas de Santa Maria, uma égua dava à luz um potrinho, em uma rua do bairro Parque Pinheiro Machado, enfrentando toda a adversidade do tempo.
Até o começo da tarde de ontem (29), ninguém sabia o paradeiro do dono do animal. Moradores dos arredores, que encontraram os bichos no começo da manhã, tiraram mãe e filhote de onde estavam para protegê-los da chuva e deram um pouco de ração para a égua.
- Já estava passando água por cima do potrinho. Tentamos ajudar. O serviço do animal, todos querem, mas na hora de cuidar, não cuidam - indignava-se o pedreiro Adão Silveira, 52 anos, um dos primeiros a encontrar os bichos abandonados.
O 2º Batalhão Ambiental de Santa Maria foi chamado para atender o caso, mas não pode recolher os animais porque não teria um local onde abrigá-los. Em Santa Maria, não há serviço público de recolhimento de animais abandonados. E não é por falta de demanda. No bairro onde a égua e seu filhote foram encontrados, os moradores garantem que bichos soltos e maltratados não são nada raros.
- A gente sempre encontra bichos soltos. Quando não é cavalo, é cachorro - disse Silveira.
O dono da égua, que apareceu no meio da tarde, afirmou ter deixado o animal em um potreiro - alguém o teria libertado. Ele garantiu que não teve culpa pelo abandono, mas pode responder a processo por maus-tratos a animal e até perder a posse dos bichos.
- Ele disse que estava procurando o animal há pelo menos quatro dias. Fizemos um boletim de ocorrência ambiental e encaminharemos o relatório do caso para o Ministério Público Estadual. O homem é uma pessoa pobre. É um problema ambiental e social ao mesmo tempo - afirmou o sargento Luis Antonio Acosta da Silva.
(Por Bruna Porciuncula, Zero Hora, 30/10/2007)