Caxias do Sul - A população precisa mudar seus hábitos de consumo e exigir investimentos do poder público em programas de desenvolvimento sustentável. Essa foi a principal conclusão da audiência pública sobre aquecimento global realizada ontem na Universidade de Caxias do Sul (UCS) . O tema foi debatido por entidades e autoridades da Serra com base na palestra da coordenadora dos programas de Sustentabilidade Global e Consumo Sustentável da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rachel Biderman Furriela.
A pesquisadora paulista se disse encantada com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul na questão ambiental. Pela primeira vez no Estado, Rachel elogiou o projeto de lei nº 231/2007, de autoria do deputado Alberto Oliveira (PMDB), que institui a Política Estadual sobre Mudança Global do Clima e Desenvolvimento Sustentável.
- Mais uma vez, vejo o Rio Grande do Sul sair na frente. Os gaúchos precisam se engajar no processo de construção dessa lei, pois tenho certeza que servirá de modelo para outros estados - disse.
Em sua palestra, a pesquisadora destacou o problema do consumo exagerado da sociedade. Ela demonstrou, por meio de peças publicitárias, como o apelo ao consumo do automóvel tem regulado as relações sociais dos últimos 40 anos.
- Escolhi o exemplo do carro por ser um dos principais vilões do efeito estufa. Mas, em qualquer setor, a publicidade relaciona o consumo como um caminho para a segurança, independência etc - explicou.
Como soluções, Rachel destacou os programas de uso do lixo urbano da prefeitura de São Paulo. Pelo menos quatro aterros já estão utilizando o gás metano, proveniente da decomposição do lixo orgânico, para a geração de energia. Além de reduzir a poluição, a medida já começou a gerar renda para a cidade por meio do Mercado de Créditos de Carbono (MCC). Em setembro, São Paulo faturou R$ 34,5 milhões com a venda de certificados de carbono na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMeF).
- A tecnologia para utilização do metano é relativamente simples. Muitas prefeituras estão se utilizando dos aterros para receber dinheiro no MCC . Esse tipo de projeto é o que mais tem sido aprovado no Brasil. Há uma série de estímulos e de empresas especializadas em intermediar as negociações dos créditos de carbono - relatou a pesquisadora, colocando-se à disposição das prefeituras da Serra para orientá-las no processo.
O secretário do Meio Ambiente de Caxias do Sul, Ari Dallegrave, anunciou melhorias a serem implementadas no novo aterro da cidade, previsto para o final de 2008:
- Buscamos todas as tecnologias existentes para instalar o que há de melhor em nível mundial na instalação do novo aterro, desde processos de compostagem até o uso do gás.
Envolva-seVocê pode propor emendas ou alterações ao projeto de lei nº 231/2007 que institui a Política Estadual sobre Mudança Global do Clima e Desenvolvimento Sustentável.
O documento está em discussão na Assembléia Legislativa e define metas para a sustentabilidade em ações domésticas e nos setores produtivos, por meio de ações que diminuam as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
Para interagir, basta entrar em contato com o relator do projeto, deputado Alberto Oliveira (PMDB), pelo telefone (51) 3210.1590.
(Por João Machado,
Pioneiro, 30/10/2007)