A área plantada de colheitas transgênicas cresceu 77% na Europa no último ano, apesar de políticas nacionais que restringem o cultivo deste tipo de alimentos, segundo o estudo de uma entidade da indústria divulgado nesta segunda-feira (29/10). Sete países da União Européia têm mais de 110 mil hectares de colheitas de organismos geneticamente modificados (OGM) - uma área maior que o Estado de Pernambuco -, contra 62 mil hectares em 2006, afirmou a EuropaBio, com sede em Bruxelas.
A Espanha tem a maior área plantada de transgênicos (75 mil hectares), seguida pela França (21 mil), a República Tcheca (5 mil hectares) e Portugal (4,5 mil hectares). Hoje, segundo a EuropaBio, apenas milho geneticamente modificado pode ser plantado na Europa. Entretanto, a variedade de produtos transgênicos que podem ser importados é maior e, segundo a entidade, vem afetando os negócios dos produtores agrícolas do bloco.
"A adoção de colheitas de OGM estão crescendo apesar de apenas um produto estar disponível nos mercados europeus", disse o secretário-geral da organização, Johan Vanhemelrijck. "Queremos que os países adotem políticas para dar aos produtores o direito de escolher os produtos que melhor protejam suas colheitas e aumentar sua competitividade."
O estudo é divulgado no momento em que o conselho europeu de assuntos ambientais discute propostas que podem restringir tanto o cultivo quanto a importação de alimentos transgênicos. O porta-voz de uma organização européia de produtores disse que o aumento da área plantada reflete o sucesso dos OGM junto a produtores.
"Pela primeira vez na União Européia, há mais de 100 mil hectares de colheitas transgênicas, o que desfaz outro mito em toda uma sucessão de mitos segundo os quais esses produtos não funcionam, nunca ganharão popularidade, nunca vão ser abraçados na Europa", disse à BBC Julian Little, do Conselho de Biotecnologia Agrícola (ABC, sigla em inglês).
"Ano após ano, vemos aumentos de produtores entusiasmados com a nova tecnologia." A ativista da ONG Friends of the Earth Clare Oxborrow disse que os números não devem ser vistos como benéficos. "A realidade é que essas colheitas não geraram nenhum benefício, e a verdade é que há mais evidências vindo à tona para mostrar que há preocupações crescentes em relação ao risco ambiental", ela afirmou.
"As colheitas de transgênicos, a indústria de transgênicos não é competitiva, não cria empregos, não traz benefícios ambientais, não é aceita por consumidores. Os números divulgados hoje são mais uma tentativa da indústria de convencer seus investidores de que houve um sucesso significativo."
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 30/10/2007)