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al gore
2007-10-30

A entrega dos prêmios Príncipe de Astúrias gerou grandes apoios este ano na Espanha, mas também provocou fortes críticas por ter entre os premiados o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore (1993-2001). Gore recebeu o prêmio Cooperação Internacional, por sua defesa do meio ambiente, no ato realizado sexta-feira (26/10) na cidade de Oviedo e presidido pelo herdeiro da coroa espanhola, precisamente o Principe de Astúrias, Felipe de Borbón y Grécia.

Também foram premiados este ano o cantor norte-americano Bob Dylan, na área de artes; o britânico Meter Lawrence e o espanhol ginés Morata, em Pesquisa Científica e Técnica; o israelense Amos Oz, em Letras; a revista britânica Nature e a norte-americana Science, em Comunicação e Humanidades. O alemão Ralf Dahrendorf recebeu o prêmio de Ciências sociais; seu conterrâneo Michael Schumacher, o de Esportes, e Yad Vashem, , Museu do Holocausto de Jerusalém, o de Concórdia.

Gore apresenta na semana passada em várias cidades espanholas o documentário "Uma verdade incômoda" no qual se alerta para as mudanças climáticas que provocam e provocarão no futuro as emissões de CO². "O debate sobre o aquecimento global acabou. Ainda não é muito tarde, mas não nos resta muito tempo" para enfrentar este problema, afirmou. O prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional já foi entregue a personalidades como os então presidentes José López Portillo, do México (1976-1982); Raúl Alfonsin, da Argentina (1983-1989); Oscar Arias, da Costa rica (1986-1990 e na atualidade), e a Mikhail Gorbachov, da hoje extinta União Soviética (1985-1990), junto com o político francês Jacques Delors.

Outros foram os mandatários Frederic W. De Klerk, da África do Sul (1989-1994), em conjunto com Nelson Mandela; Yasser Arafat, da Palestina (1996-1994), compartilhado com o israelense Isaac Rabin; Mario Soares, de Portugal (1986-1996), e os brasileiros Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva. Também o receberam o Governo e a Unidade Revolucionária (guerrilha) da Guatemala, o Comitê Cientifico para a Pesquisa na Antártica, o Grupo Contadora, o então secretário-geral da ONU, Oscar Arias, as universidades de Salamanca (Espanha) e Coimbra (Portugal), o programa Erasmus e a Fundação Bill e Melinda Gates.

O príncipe Felipe, ao entregar o prêmio a Al Gore, disse que o ex-vice-presidente "valorosamente e com vontade colocou todo seu empenho para que todas seus alertas sejam ouvidos, para que sejamos mais conscientes de que somente se conservarmos este patrimônio herdado, esse tesouro que é nossa Terra, somente se evitarmos que nosso belo planeta, nosso verdadeiro lar, se degrade até extremos irreversíveis, teremos cumprido um de nossos maiores deveres como seres humanos".

A primeira e mais dura critica partiu da principal força de oposição na Espanha, o Partido Popular (PP, de centro-direita). Eu líder, Mariano Rajoy, questionou Gore, sem citá-lo, argumentando incoerência entre sua campanha atual e sua atuação nesta matéria como vice-presidente dos Estados Unidos. "Não se pode ter uma visão apocalíptica, como alguns que não assinaram o Protocolo de Kyoto e vão fazendo conferências", disse o líder do PP.

Entretanto, o governo que Gore integrou aderiu a esse convênio de luta contra a mudança climática, assinado em 1997 nessa cidade japonesa e que entrou em vigor em fevereiro de 2005, e quem retirou a assinatura e, portanto, deixou os Estados Unidos fora de sua jurisdição de aplicação foi a administração que o sucedeu, de George W. Bush, que o fez em 2001, pouco depois de assumir a presidência.

Rajoy se declarou defensor do meio ambiente, mas, se referindo a Al Gore, disse que "não se pode dizer às pessoas que o mundo vai desaparecer e que estamos em uma situação certamente perigosa". Por isso, afirmou que "não se deve transmitir uma visão apolcalíptica da situação" a ser provocada pela mudança climática e pediu sensatez. Contra Rajoy saiu o chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, que se referiu a gore dizendo que "o prestigio do prêmio foi para a face mais visível da luta de centenas de homens e mulheres que há anos insistem na irreversibilidade da deterioração ambiental". Por isso, disse Moratinos, as IPS, que se considera que "através deste prêmio se reconhece a contribuição de Al Gore à sensibilização de sociedades e governos de todo o mundo. Mas, também se dá valor aos esforços de todas aquelas pessoas e instituições que trabalham nessa linha", acrescentou.

Por outro lado, um prêmio que não recebeu críticas mas inúmeros elogios foi o de Letras, entregue a Amos Oz, natural de Jerusalém e atual catedreatico de literatura hebréia moderna na Universidade Bem Gurion, de seu país. Em uma conferência feita na quinta-feira, começou esclarecendo que não representa ninguém e se referindo ao conflito que assola sua terra natal fez duas afirmações que chamaram a atenção. Na primeira afirmou que, embora a solução possa caber aos Estados Unidos, "foi a Europa que oprimiu os judeus e os árabes ao mesmo tempo", por isso tem uma grande responsabilidade para o futuro. Na segunda manifestou sua convicção de que "a maioria dos palestinos e judeus sabe que essa terra se dividirá" em um território para cada parte.

O escritor chileno radicado em Oviedo, Luis Sepúlveda, destacou que e leu e lê Oz, "o admirei e admiro". A novela "Uma história de amor e obscuridade", segundo Sepúlveda, poderia muito bem se chamar "Cem anos de solidão de Israel", porque nela está toda a história desse povo, bem como o desconsolo e a esperança.

Outra escritora, a espanhola Eugenia Rico, qualificou Oz como o escritor mais estranho "deste lado da Coréia do Norte". E destacou que "não é fácil ser uma voz única pela paz no Oriente Médio em meio a um conflito sangrento como o de Israel, mas, muito mais difícil é conseguir que as palavras continuem sendo honestas e bem colocadas, sem traírem a si mesmas e a quem as escreve. É isso que Amos Oz consegue, com disciplina militar, com ordem, nas frases e nas idéias. É o homem que fala em meio do nada. O homem do deserto, que do deserto traz consigo um vento de palavras", acrescentou Rico.

Estes prêmios começaram a ser outorgados em 1981 quando todo os premiados foram espanhóis, menos o mexicano Portillo. Mas, pouco a pouco foram sendo concedidos a personalidades de outros países, chegando este ano ao ponto de ter apenas um espanhol, Ginés Morata, e nenhum latino-americano. Isso levou o destacado jornalista espanhol Luis del Olmo a dizer que falta "mais premiados com sotaque espanhol". Este não, acrescentou, "cidadãos de língua inglesa foram favorecidos com quase 95% dos prêmios".

(Por Tito Drago, IPS, 29/10/2007)

 


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