O presidente do Equador, Rafael Correa, defendeu neste sábado a permissão ambiental concedida à Petrobras para extrair petróleo em um parque amazônico, e desafiou os ecologistas contrários à medida a elaborar um plano econômico para substituir a exploração do combustível.
Correa assegurou que a empresa brasileira poderá explorar dois poços nos limites da zona protegida do Yasuní (nordeste), um dos mais extensos parques naturais do Equador, onde se encontram as maiores reservas de petróleo e habitam indígenas que se recusam a ter contato com o exterior. "Observem que a licença ambiental demorou mais de um ano e foram tomadas medidas cautelares para não prejudicar a zona protegida do Parque Nacional de Yasuní (de 950.000 hectares)", declarou o presidente em seu programa semanal de rádio.
A Petrobras planeja extrair dos dois poços cerca de 40.000 barriles diários de petróleo até 2024, o que aumentaria em 8% a produção do Equador, o quinto produtor sul-americano com 507.000 barris diários, segundo estimativas do gerente da companhia, Fernando Benítez. A multinacional, que está sendo investigada por uma suposta venda ilegal de ações, o que pode anular seu contrato de operação no Equador, anunciou, em maio, que empregará técnicas inovadoras para minimizar o impacto ambiental.
No entanto, os grupos de ecologistas reprovam a autorização concedida à Petrobras e questionam o governo por promover a defesa do meio ambiente ao mesmo tempo que permite que as petroleiras estendam seus negócios nas zonas naturais mais sensíveis. Correa respondeu às críticas e desafiou essas organizações a apresentar uma alternativa para substituir a exploração petroleira sem afetar as rendas do país.
"É claro que isso tem um impacto ambiental! Mas o que fazemos? Ficamos sem petróleo? Ou seja, se todo o Equador for declarado parque natural, já não poderemos construir em lugar nenhum uma hidrelétrica, abrir uma mina, tirar petróleo. O que vamos comer, então?", replicou ele.
Correa incentiva uma campanha para deixar o petróleo enterrado no coração do Yasuní em troca de uma indenização internacional que substitua em parte os recursos que deixará de receber para proteger o meio ambiente da exploração petroleira. O Equador, que prepara sua reincorporação à Opep, financia a metade de seu orçamento com os recursos do petróleo.
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Agência G1, 27/10/2007)