As mudanças ambientais ocorridas ao longo dos anos e os riscos da degradação que nos ameaçam para as próximas décadas é o tema da Terça Ecológica, evento que ocorre nesta terça-feira (30/10), a partir das 17h30min, na sala dos Jacarandás, no Memorial do Rio Grande Sul, em promoção conjunta da Feira do Livro de Porto Alegre com o Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS).
O debate “Paisagem do Rio Grande do Sul”, tem como palestrantes o engenheiro agrônomo Luiz Jacques Saldanha e o biólogo Francisco Milanez. A mediação ficará a cargo do coordenador do Núcleo de Ecojornalistas e editor da EcoAgência no Notícias, Juarez Tosi. O engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro, também convidado para o debate, necessitou viajar ao exterior.
O Rio Grande do Sul tem sido vítima ao longo dos últimos séculos de uma grande destruição em seu cenário natural. O botânico e padre jesuíta Balduíno Rambo e o ambientalista Augusto Luiz Roessler, já alertavam para essa situação nas décadas 50 e 60 de século passado. Ainda é tempo de revertemos esses males e deixarmos um mundo melhor para nossos descendentes?
Frutos do que fomosO biólogo Francisco Milanez, conselheiro e ex-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) e secretário geral da Fundação pelo Desenvolvimento Ecologicamente Sustentável (ECOFUND), entende que as mudanças paisagísticas em nosso estado têm influência direta com o que seremos no futuro e são fruto do que fomos. “Desde 1990”, diz ele, “tenho debatido e reforçado a importância do meio ambiente na formação das culturas em todas as suas manifestações. Quando uma cultura destrói seu meio ambiente é ela mesma que está se destruindo e cabe refletirmos sobre que tipo de desenvolvimento estamos tomando e qual é a qualidade de vida que estamos construindo”.
Milanez acrescenta que a total descoordenação do desenvolvimento mundial no último século, por parte da humanidade, deixou espaço para que apenas os interesses econômicos exercessem seu poder, direcionando o mundo aos seus interesses imediatos, mas não necessariamente inteligentes. E conclui: “Fruto destas interações, nos encontramos num mundo caótico em que, ou reassumimos o controle de seu rumo, ou sofreremos todos a nossa omissão. Como tudo na ecologia isto só pode ser feito através do local onde vivemos”.
Presente da VidaO engenheiro agrônomo Luiz Jacques Saldanha, que também é advogado e educador ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Porto Alegre, destaca que vive no Rio Grande do Sul porque acredita na solução dos problemas. “Para um gaúcho que teve a oportunidade de poder escolher morar noutros espaços no Brasil e mesmo do exterior, ter optado ficar por aqui, é um presente que a vida oferece”. E acrescenta que o que o faz não só ficar Rio Grande do Sul, mas fincar as raízes, é a consciência nesta terra.
“Ao longo da minha vida percebi que se nascer em um local determinado tem um significado. E se deslocar para outros pagos, por livre e espontânea vontade, pode gerar em si e em seus descendentes, um dramático sentimento de desajuste cultural e exílio emocional. E aquilo que se vê fora, nasce das profundezas de nossa paisagem interior”, enfatiza. O evento é aberto a todos os interessados. A terça ecológica é uma promoção mensal do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul para debater os principais problemas que envolvem a questão ambiental no Estado.
(Por Luiz Jacques Saldanha e Francisco Milanez,
Eco Agência, 29/10/2007)