A ameaça de esgotamento dos recursos alimentares, de graves efeitos sobre o meio-ambiente e de extinção das espécies animais põe em risco toda a humanidade, e, de acordo com o Informe GEO-4: Perspectivas do Meio Ambiente Mundial, 2007 lançado na quinta-feira (25/10) em Nova Iorque (Estados Unidos), se esses problemas persistentes não forem enfrentados, corre-se o risco de destruir inclusive os pequenos avanços conquistados. A mudança climática é uma "prioridade mundial", que exige vontade política e liderança para ser enfrentada, mas vem recebendo, segundo o informe da Onu uma resposta mundial "lamentavelmente inadequada".
O Informe elaborado pela Organização das Nações Unidas (Onu), com a participação de centenas de especialistas, governos e entidades da sociedade civil organizada, não faz um relato de "situações hipotéticas deprimentes e sem saída", ele é um chamado à sociedade mundial para a ação urgente, com uma série de prioridades de atuação e a apresentação detalhada do estado atual da atmosfera, da terra, da água e da biodiversidade.
A crise que o mundo enfrenta atualmente não é meio-ambiental, somente, é uma crise única: de meio-ambiente, e também de desenvolvimento e de energia. Que afeta ainda as populações de peixes, as terras férteis e a quantidade de água doce. Os problemas do passado continuam e estão surgindo novos, como: o aumento de "zonas mortas", a carência de oxigênio nos oceanos e a reaparição de doenças relacionadas com a degradação do meio ambiente.
A aumento da população humana e o desenvolvimento econômico provocaram uma crescente demanda de recursos naturais, que está provocando o esgotamento desses mesmos recursos e comprometendo a saúde e a segurança alimentar desta geração e das futuras. Nos países em desenvolvimento, cerca de três milhões de pessoas morrem por ano em conseqüência de doenças de origem hídrica. Água contaminada é a maior causa de doença humana e de mortalidade em nível mundial. A maioria das mortes é de crianças menores de cinco anos. Cerca de 2,6 bilhões de pessoas carecem de serviços sanitários avançados.
A quantidade de água doce disponível para consumo está diminuindo cada vez mais, além de sua qualidade está caindo. Para 2025, prevê-se que o uso de água tenha aumentado em 50% nos países em vias de desenvolvimento e 18% no mundo desenvolvido. E para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio em relação à fome, deve-se até 2050 duplicar a produção de alimentos, o que provocaria um consumo ainda maior de água.
As espécies estão se extinguindo num ritmo 100 vezes maior do que o observado nos registros fósseis. Mais de 30% dos anfíbios, 23% dos mamíferos e 12% das aves estão em perigo. A perda de diversidade genética pode ameaçar, inclusive, a segurança alimentar. Entre as populações indígenas, a segurança alimentar e a saúde estão em perigo devido o aumento de mercúrio e de contaminantes orgânicos jogados no meio-ambiente.
Para Achim Steiner, sub-secretário geral da ONU, a reposta mundial a esses problemas vem "sendo lenta e está sendo marcada por um ritmo e um grau de atuação que não responde, ou que não reconhecem, a magnitude das dificuldades que enfrentam as populações e o meio-ambiente do planeta". O Informe disse que: "a única forma de abordar esses problemas mais árduos precisa que o meio-ambiente deixe de estar na ‘periferia’ para estar no núcleo do processo de tomada de decisões".
(
Adital, 26/10/2007)