(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
ipcc impactos mudança climática
2007-10-29
O vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), Mohan Munasinghe, alerta que países pobres sentirão os principais impactos do aquecimento global e que as nações industrializadas devem ter mais maior responsabilidade na mitigação de gases do efeito estufa. Afirma, também, que existem boas experiências de avanço simultâneo no desenvolvimento socioeconômico e na contenção das mudanças climáticas.

Apesar de não defender o estabelecimento de metas de redução para países em desenvolvimento, o vice-presidente do IPCC aponta uma solução alternativa: a criação de um grupo intermediário, com responsabilidades mais próximas às dos países ricos. O Brasil, segundo Munasinghe, poderia ser incluído nesse grupo.

Ele concedeu entrevista à Agência Brasil durante a semana, quando esteve na capital fluminense para o primeiro encontro do painel da América Latina, organizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Rio de Janeiro e pela Companhia Vale do Rio Doce.

Agência Brasil: Quais os pontos mais relevantes das conclusões do IPCC?
Mohan Munasinghe: O ponto principal é que o aquecimento global é inequívoco. O segundo, é que é muito provável que ele tenha sido causado pela ação humana, principalmente após a Revolução Industrial, nos últimos 100 anos. E a causa é o acúmulo de carbono na atmosfera. O terceiro ponto é que os impactos serão sentidos com mais intensidade nos países pobres e pelos grupos mais pobres – isso é relevante para nós.

O relatório fez previsões sobre o aumento de temperatura e do nível do mar, e também apontou as soluções. Nós propusemos, por exemplo, ações de adaptação. E também de mitigação, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O Protocolo de Quioto é só um pequeno passo para essa mitigação, e nem ele mesmo foi propriamente implementado. Os resultados do IPCC mostraram que nos últimos 30 anos as emissões aumentaram mais de 70%. Mesmo nos últimos dez anos, depois do Protocolo de Quioto, as emissões aumentaram, e isso é inaceitável. O ponto mais importante para países em desenvolvimento, como Brasil e o Sri Lanka – meu país – é que o melhor método para resolver o aquecimento global, para adaptação e mitigação, é integrar as soluções em uma estratégia de ação: é o caminho para continuar o desenvolvimento, com melhoria da vida das pessoas pobres e combate ao problema das mudanças climáticas ao mesmo tempo.

ABr: Como isso é possível?
Munasinghe: A questão é tornar esse desenvolvimento mais sustentável. Temos histórias de sucesso de adaptação, mitigação e desenvolvimento ao mesmo tempo. Temos metodologias e tecnologias para isso. Desenvolvimento e clima não devem ser opostos, são complementares. A idéia é continuar a desenvolver, mas de forma mais sustentável, para resolver não só o problema do aquecimento, mas também a pobreza e segurança alimentar, por exemplo. O mais importante de tudo é que esses países não podem copiar ou repetir os resultados ruins dos países desenvolvidos.

A solução é que países industrializados reduzam suas emissões e países em desenvolvimento tenham outro caminho de desenvolvimento, em que as emissões não cresçam tão rápido.

ABr: É hora de estabelecer metas de redução de emissões para em desenvolvimento?
Munasinghe: A Convenção de Mudanças Climáticas [da Organização das Nações Unidas] fala em responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Comum porque eu, você e todo mundo temos o objetivo conjunto de salvar o planeta; diferenciadas porque nós temos diferentes habilidades e capacidades para isso.

O Protocolo de Quioto reconheceu esse princípio: mais de 80% dos gases de efeito estufa presentes na atmosfera hoje foram emitidos pelos países ricos. Além disso, eles têm mais recursos econômicos e financeiros. O protocolo diz: vocês, países ricos devem começar a mitigação e mostrar para o resto do mundo como isso está sendo feito. Nos países em desenvolvimento, os níveis de emissões per capita ainda são pequenos, e para crescer eles precisam aumentar essas emissões; isso é reconhecido ao não se estabelecer metas no protocolo para essas nações em desenvolvimento.

No entanto, à medida que a tecnologia vai se desenvolvendo nos países industrializados, podemos começar a adotar algumas tecnologias de mitigação e reduzir o crescimento global das emissões e de utilização de energia. Em vez de separar países no Anexo 1 [do Protocolo de Quioto] ou fora do Anexo 1, ricos e pobres, é possível ter um grupo intermediário. Por exemplo, a Coréia, ela poderia entrar no grupo de países do Anexo 1, porque agora ela é rica; teríamos países se preparando para entrar no grupo dos países com metas. Acredito que as negociações pós-Quioto, que vão começar agora em Bali [em dezembro] vão tentar incluir algumas dessas idéias.

ABr: Qual seria a posição do Brasil nesse contexto?
Munasinghe: Acredito que o Brasil estaria mais próximo do grupo intermediário.

ABr: Com metas?
Munasinghe: Não necessariamente. Caberia ao governo tomar a decisão. O mais importante não é estabelecer metas para os países em desenvolvimento, mas garantir que os países ricos implementem, cumpram suas metas. É muito mais importante, porque eles já concordaram, ratificaram o protocolo, mas estão longe de cumpri-lo.

ABr: A participação do IPCC na reunião das partes (COP) não indica que o painel tem influência política sobre as nações representadas na convenção?
Munasinghe: Não fazemos recomendações. O IPCC vai apresentar resultados, como está fazendo aqui, então ficará óbvio para os formuladores de políticas o que precisa ser feito. Não temos que dizer: faça isso, faça aquilo. Não é nosso trabalho. Mas quando eles vêem os resultados, eles sabem o que têm que fazer. E cada país tem que tomar atitudes diferentes; não conseguiríamos dar instruções a 160 países.

(Por Luana Lourenço / Agência Brasil / Ambiente Brasil, 29/10/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -