A terceira usina nuclear de Angra dos Reis (RJ) deve entrar em operação em maio de 2014, anunciou o presidente em exercício da Eletronuclear, empresa que opera as duas usinas de Angra, Luis Hiroshi Sakamoto.
A viabilidade ambiental da usina Angra 3 ainda se encontra em análise no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Foram realizadas três audiências públicas sobre o projeto, e a quarta está marcada para 26 de novembro.
Sakamoto participou na sexta-feira (26/10) de uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir o orçamento e o cronograma da construção da usina. A audiência foi convocada pelo deputado estadual Rodrigo Neves (PT), presidente da Comissão Especial da Alerj, que acompanha os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no estado.
Segundo o parlamentar, o projeto vai gerar cerca de 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos na região. Ele também disse que esse será o segundo maior investimento do PAC no Rio.
"O projeto terá impacto na geração de emprego, na dominação e desenvolvimento da tecnologia nuclear, além de ter um papel decisivo na ampliação da matriz energética brasileira", afirmou.
O engenheiro Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace, organização não-governamental internacional que milita pelas causas ambientais, disse que a entidade é contra a instalação da usina em Angra dos Reis.
De acordo com Baitelo, a energia nuclear não é a melhor solução para a questão energética brasileira: "Essa energia não é limpa, em primeiro lugar por conta do lixo tóxico, que só se acumula. Há o problema do lugar de destino desse lixo, processo que custa muito dinheiro, enquanto o lixo continua radioativo. Outra questão são as emissões. Apesar de a energia nuclear não emitir carbono ao ser produzida, há muita emissão de carbono durante a construção da usina", afirmou o engenheiro.
Desde 2001, com Angra 1 e 2 em operação, a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), nome do complexo onde ficam as duas instalações existentes, responde pela geração da metade da energia que é consumida no Estado.
"Com o funcionamento de Angra 3, podemos dizer que o Rio de Janeiro vai ter sua geração [de energia] equilibrada com o seu consumo", disse Sakamoto, da Eletronuclear.
(Por Flávia Martin, Agência Brasil, 26/10/2007)